Distritos como Bragança e Portalegre já notam presença da invasora. Braga, Porto e Viana do Castelo têm o maior número de ocorrências.
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Em janeiro, quando o Ministério da Agricultura apresentou o plano atualizado para vigilância e controlo da vespa velutina, a presença da espécie invasora não era, ainda, uma realidade em territórios do interior Norte, como Bragança, e, mais ao Sul, distritos como Portalegre davam conta de apenas um ou outro avistamento do inseto. A verdade é que, volvido mais um verão, a praga que chegou a Portugal pelo Alto Minho, em 2011, e se propagou com força pelo litoral Norte, está a ganhar, também, dimensão nas zonas mais rurais.
De acordo com fonte dos bombeiros de Bragança, no último verão - quando a vespa regista máxima atividade e ataca as colmeias em massa -, a corporação recebeu "bastantes chamadas", o que não se tinha verificado no último ano. Em Portalegre, adiantaram que, no último mês, pela primeira vez, receberam "uma senhora a queixar-se". "Até era algo desconhecido para nós, porque nunca tínhamos tido nenhum caso", confessou uma fonte da corporação ao JN.
Avistamentos múltiplos
O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas não cedeu informações atualizadas sobre a expansão da vespa-asiática no território, mas, segundo a plataforma SOSVespa - que identifica as ocorrências -, multiplicam-se os registos de avistamentos da invasora e respetivos ninhos, nos últimos meses, em distritos como Bragança, Guarda, Castelo Branco e Portalegre. Mais a Sul, não há notificações deste ano. "Temos recebido algumas chamadas, mas não são velutina. As pessoas confundem com a vespa crabro, que não é predadora", elucidou o segundo comandante dos Sapadores de Faro, Edgar Gonçalves.
Os últimos dados, respeitantes ao período entre janeiro de 2015 e 2 de janeiro deste ano, dão conta de 11 089 ninhos confirmados e 943 avistamentos de vespas, a maioria nos distritos de Braga, Porto e Viana do Castelo. Mas os dados, diz o plano de ação, não refletem a verdadeira situação dos distritos do Minho, "por serem muito inferiores à realidade". Por terem sido os primeiros afetados pela invasão desta espécie exótica, "muitos dos municípios já tinham canais de informação e sistemas de deteção e destruição de ninhos a funcionar antes da entrada em vigor da plataforma SOSVespa", explica o documento.
Fonte dos Bombeiros Sapadores de Braga admitiu ao JN que não nota menos casos do que nos últimos anos. "Todas as noites temos que destruir ninhos", assegura.
A vespa velutina é essencialmente um predador de outras vespas e de abelhas, constituindo uma das pragas da colmeia. Contudo, não é considerada mais perigosa para os seres humanos do que a vespa europeia.
RECORDE
Recorde de 4246 ninhos que foram registados entre janeiro de 2015 e janeiro deste ano, no distrito do Porto. É a região com maior presença da vespa velutina.