Os preços dos artigos de vestuário e de couro, incluindo o calçado, são os que vão ter um maior agravamento à chegada aos Estados Unidos da América devido às novas tarifas aduaneiras acordadas entre a União Europeia e a Administração norte-americana, conclui um estudo divulgado esta quinta-feira pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).
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O estudo "A Economia Portuguesa em Contexto de Incerteza Mundial - Análise das Dinâmicas Comerciais" faz um diagnóstico negro da situação de dois dos maiores setores industriais do Norte, o vestuário e o calçado. No documento, a AICEP avisa que "os consumidores enfrentam aumentos particularmente significativos nos preços" destes produtos, com um impacto inicial de 39% para bens de couro (calçado e carteiras), de 37% para o vestuário e de 21% para os têxteis.
No curto prazo, os setores dos metais, cereais e bens elétricos até poderão ter um agravamento de preços superior, mas a longo prazo é o vestuário e o calçado que mais deverão sofrer com as tarifas. A AICEP conclui que mesmo "após os processos de substituição e as alterações no fornecimento global a longo prazo", o custo das exportações de couro deverá subir 19% e de vestuário 18%.
Ao nível europeu, os setores dos produtos farmacêuticos e dos automóveis também serão afetados, regista a AICEP, o que também terá impacto na economia nacional. Isto acontece porque os produtos farmacêuticos são o tipo de bens que Portugal mais exporta para os Estados Unidos, ao mesmo tempo que o segundo maior exportador nacional, a Volkswagen Autoeuropa, está diretamente dependente das exportações de países terceiros, como a Alemanha.
Tendo em conta este diagnóstico, a AICEP recomenda que se reforce a diversificação de mercados através da "promoção de missões empresariais e participação em feiras internacionais em mercados alternativos, nomeadamente em África, América Latina e Sudeste Asiático". Além disso, defende mais apoios técnicos e financeiros à internacionalização, ao mesmo tempo que pede maior diplomacia internacional ao Governo.
O Canadá é o país mais afetado pelas tarifas a longo prazo, com uma contração prevista de 2,1% do PIB, revela a AICEP. Em termos absolutos, o setor automóvel é dos mais afetados. O impacto previsto de 9% a longo prazo significa mais 4500 dólares (3900 euros) num carro de valor médio.