Com as férias da Páscoa chega uma das semanas mais aguardadas pelos estudantes que concluem o Ensino Secundário: a viagem de finalistas. Seja nas habituais estâncias balneares espanholas, na neve ou em diversas cidades europeias, a procura superou as expectativas, com milhares de jovens a esgotarem os destinos.
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O aumento é atribuído aos programas cada vez mais atrativos apresentados pelas agências, que apostam em artistas aclamados ou em ofertas diferenciadas para atrair clientes, num trabalho que tem a diversão como prioridade e a segurança como base. “O mercado das viagens de finalistas mudou muito desde 2010, e ainda bem. Mas para que todos pudessem confiar no trabalho que é feito, teve de haver um esforço tremendo por parte das empresas”, assume Nuno Mendes, da Hype Travel.
Depois de ter levado sete mil finalistas a Gandia (Espanha) em 2024, a empresa da Maia viaja este ano com cerca de 9300 jovens e deixou “algumas centenas” de fora, mesmo depois de ter aumentado a capacidade hoteleira. “Esgotou em cinco dias após o anúncio de um dos principais artistas”, revela o responsável, indicando que atualmente a viagem de finalistas funciona como um verdadeiro festival.
Polícia e equipa de enfermagem
Além do investimento de centenas de milhares de euros em diversão, a Hype Travel leva 60 enfermeiros e 350 elementos de coordenação, e conta com o apoio das autoridades espanholas e da PSP. “Dá-nos uma alegria tremenda, porque contamos com as nossas forças policiais no destino, o que é uma segurança extra aos pais”. Tal como a agência maiata, também a Mega Finalistas garante a supervisão 24 horas por dia e promove o contacto com os pais através de sessões de esclarecimento. “A segurança é uma das nossas prioridades”, sustenta Tomás Linhares de Andrade, responsável pela agência que opera desde 2007.
O organizador das viagens para Palma de Maiorca e Andorra confirma um aumento da procura em relação ao ano passado, com cerca de cinco mil participantes divididos pelos dois destinos, e um reforço no investimento de recursos humanos, artistas, produção e experiências. “O desafio é corresponder às expectativas, sobretudo na parte artística. São clientes cada vez mais exigentes”, corrobora Bruno Mendes, da Yellow Trip, agência que trabalha em parceria com a Mega Finalistas na organização da viagem a Palma. Mas não é só em destinos espanhóis, conhecidos pelas praias e pela diversão noturna, que estas viagens acontecem.
Oferta diferenciada
A Youngo, da Wide Travel, aposta em cidades europeias, como Praga, Paris ou Londres, proporcionando “o equilíbrio entre a componente lúdica e a cultural”. Após vários anos a operar em Lloret del Mar, Bernardo Mendes optou por afastar-se “das viagens convencionais” para “evitar algumas situações menos agradáveis”. “É um barril de pólvora”, considera o organizador, que atualmente trabalha sobretudo com colégios privados, onde são os próprios a organizar a viagem e a acompanhar os estudantes do 12.º ano.
Ainda que a maioria das viagens de finalistas aconteçam sem o envolvimento das escolas – que se desmarcam da organização – o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, apela ao envolvimento dos pais, defendendo que as agências façam o melhor possível para que seja um momento de diversão e não de preocupação.
Já a presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais aconselha à proximidade com os filhos e ao conhecimento do que é expectável durante a viagem. “Aos alunos, é importante lembrar que a juventude é maravilhosa, mas que é fundamental que haja consciência”, apela Mariana Carvalho.
800 euros
Os valores das viagens oscilam entre os 600 e os 800 euros, de acordo com o destino escolhido e as atividades incluídas.
Procura começa cada vez mais cedo
Ainda que os holofotes estejam virados para os finalistas do Secundário, as viagens estão a conquistar cada vez mais estudantes de idades inferiores, o que tem levado as agências a oferecerem alternativas para este tipo de público. “Só falta o 4.º ano começar a fazer”, brinca Bruno Mendes, da Yellow Trip. A empresa sediada em Espinho vai levar cerca de 200 estudantes do 9.º ano a Sevilha, num roteiro que inclui visitas aos principais pontos turísticos e ao parque de diversões Isla Mágica.
“É um mercado que tem vindo a crescer. Existe muita procura, de escolas públicas e privadas”, confirma o responsável pela agência, que ainda organiza experiências em Barcelona, Madrid e Algave. Também a Youngo tem assistido a um aumento de viagens com estudantes mais novos, sobretudo de colégios privados que pretendem diferenciar-se de outras instituições. “Hoje em dia, viajar é dar mundo às crianças. Há muitos jovens que viajam com os pais, mas fazer uma viagem num ambiente escolar, controlado e com professores, é uma oferta diferente e que antes não existia tanto”, explica Bernardo Mendes, que este ano conta com cerca de 500 reservas para destinos que incluem, por exemplo, o Parlamento Europeu, em Estrasburgo.
Filinto Lima, presidente da Andaep, confirma que também nas escolas públicas tem havido um crescimento das viagens, sobretudo graças ao programa Erasmus. “São muito importantes para a aprendizagem e socialização dos nossos alunos”.
Conselhos da PSP
Manter o contacto com a família
Durante a semana de férias, é importante manter o contacto regular com os pais ou responsáveis e informá-los do local onde estão hospedados.
Não aceitar favores durante a viagem
Ainda que o pedido venha de um amigo ou conhecido da escola, não se deve aceitar favores, como colocar algo na bagagem.
Evitar deslocações solitárias
Sair à noite para qualquer lugar sem companhia deve ser evitado, optando por deslocações em grupo, especialmente em locais desconhecidos e/ou mal iluminados.
Atenção aos locais com muita gente
Nos locais com maior afluência de pessoas, como discotecas, bares, cafés, centros comerciais ou transportes públicos, a atenção deve ser redobrada.
Cuidado com as bebidas oferecidas
A regra básica de qualquer saída: não aceitar bebidas (ou qualquer outra coisa) de estranhos, nunca perder o copo de vista e ver a preparação da bebida.
Proteger pertences pessoais e dinheiro
Optar por andar com apenas com o necessário e indispensável, preferencialmente em bolsos anteriores, e não usar joias ou objetos de valor para evitar pequenos furtos. O dinheiro deve estar dividido por vários locais.