Por estes dias, são largas dezenas os que se juntam à noite a desfolhar flores e verdes. A secular tradição e o saber-fazer que passa de geração em geração vai rumar a Lisboa.
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“É uma experiência única!”, diz, com os olhos a brilhar, Aline Bragança. Ali, à volta da mesa, junta-se família, amigos, vizinhos e, entre conversas e gargalhadas, a tesoura não pára. Ao lado a mãe Delmira, em frente a avó Laura. Aline faz tapetes de flores, de quatro em quatro anos, na rua da Costa, em Vila do Conde, desde criança. A tradição e o saber-fazer ali passa de geração em geração. Na terça-feira, a jovem de 25 anos é uma das 27 que vai a Lisboa. O entusiasmo está estampado no rosto. Leva as flores, os verdes, mas, acima de tudo, a “alma bileira”. São 80 milflores e 70 m2 de cedro para fazer um tapete que irá receber o Papa Francisco, a 3 de agosto, na Colina do Encontro, no Parque Eduardo VII, em Lisboa.
“Só conseguimos que eles peguem neste trabalho, se os envolvermos desde sempre. Eutambém fui para lá era uma menina. Resmunguei muito, mas, agora, a gente faz isto com muito gosto e o convívio é bom”, explica Cláudia Quintas. A filha, Beatriz, já lhe segue os passos. De tesoura na mão, vai cortando o cedro de forma quase automática, enquanto explica a alegria que sente. Afinal, “não é todos os dias que se faz um tapete para o Santo Papa”.