O médico anestesista Vítor Almeida será o novo presidente do INEM. Vai suceder no cargo a Luís Meira, que na segunda-feira apresentou a demissão à ministra da Saúde, na sequência de um conflito com a tutela no âmbito do dossiê dos helicópteros de emergência médica.
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A escolha de Vítor Almeida para a presidência do INEM foi divulgada esta tarde de quarta-feira pela Sic Notícias e confirmada pelo JN.
Vítor Almeida é médico no Hospital de Viseu e já presidiu ao colégio da competência em emergência médica da Ordem dos Médicos. Tem uma longa carreira associada à emergência pré-hospitalar e ao INEM, integrando equipas das VMER (Viaturas Médicas de Emergência e Reanimação) e dos Helicópteros de Emergência Médica.
O médico vai substituir Luís Meira que se demitiu, na passada segunda-feira, na sequência das críticas feitas pelo Ministério da Saúde à gestão do dossiê dos helicópteros. No domingo, a tutela disse, em declarações à Lusa, não compreender porque a direção do instituto não tinha aberto um concurso público internacional, no âmbito de uma resolução do Conselho de Ministros aprovada pelo Governo anterior, evitando recorrer a um novo ajuste direto com a empresa Avincis, que disponibiliza menos meios do que o desejável (os hélis de Viseu e Évora não voam à noite).
Declarações que, conforme o JN noticiou, provocaram "profundo desagrado" na estrutura diretiva e a quebra de confiança na tutela. O INEM reagiu em comunicado, alegando que o concurso nos moldes em que foi aprovada a resolução do Conselho de Ministros foi lançado em janeiro e ficou deserto, pelo que não faria sentido lançar outro igual. E salientou que apresentou "sucessivas e insistentes propostas à tutela", salientando a necessidade de uma solução urgente, que ficaram sem resposta.
No dia seguinte, Luís Meira apresentou a demissão à ministra Ana Paula Martins.
Defensor de nova especialidade
Natural de Arganil, Vítor Almeida formou-se em Medicina em Hanôver (Alemanha) e regressou a Portugal na década de 90 para fazer duas especialidades: Medicina Geral e Familiar e Anestesiologia. É um forte defensor da criação da especialidade de Medicina de Urgência e Emergência. Em 2019, fez parte do grupo que apresentou uma proposta para criação dessa especialidade, que acabou por ser chumbada, no final de 2022, em Assembleia de Representantes da Ordem dos Médicos.
Nos últimos ano integrou várias missões. Esteve no Iraque, em 2004, e mais recentemente, enquanto coordenador do Gabinete de Apoio Humanitário da Ordem dos Médicos esteve envolvido na ajuda à Ucrânia. Durante a pandemia covid-19, integrou o Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos e foi o responsável pelo Hospital de Campanha criado no Parque do Fontelo, em Viseu.