Sofia Correia nasceu, cresceu e estudou no Porto e seguiu um rumo diferente ao de muitos milhares que abandonam o Interior do país para irem para cidades maiores no Litoral. Foi trabalhar para o Hospital de Vila Real, saiu para estudar ainda mais, mantém-se na cidade transmontana e trabalha na área da viticultura.
Corpo do artigo
Pelo menos para já, não pretende regressar à Invicta. “Em Vila Real, tenho tudo o que preciso para ter uma vida confortável”, justifica.
Atualmente com 40 anos, Sofia Correia licenciou-se em Microbiologia na Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica e fez o mestrado em Bioquímica na Faculdade de Ciências e no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto. Em 2010, partiu para Vila Real para fazer um estágio no Laboratório de Anatomia Patológica do hospital. “Até que percebi que não era na área da saúde que eu queria trabalhar e que queria crescer profissionalmente”.
Decidiu ingressar, então, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro como bolseira de investigação: primeiro, na área da genética, e, depois, na agronómica ligada aos pequenos frutos. Acabou por doutorar-se com uma investigação sobre a melhoria da qualidade da cereja. Os passos seguintes levaram-na para a viticultura e, em 2021, foi contratada pela Sogrape para trabalhar em projetos de investigação, nomeadamente na Região Demarcada do Douro. “Adoro o meu trabalho”, confessa.
Segunda terra
Apesar de viver em Vila Real com as duas filhas e ter a restante família no Porto, as saudades que às vezes sente ainda não tiveram suficiente força para a fazer pensar em deixar a cidade que a acolheu. “Não tenho família cá, mas tenho bons amigos, o que também é muito importante”, salienta, destacando que a sua segunda terra tem “tudo de que se precisa e qualidade de vida”.
Sente, em Vila Real, “um acolhimento constante” por parte das pessoas e diz-se “satisfeita” com os serviços de saúde, elegendo-a como “ideal e fabulosa para quem quer ter crianças”. Já perguntou às filhas se queriam ir para o Porto e a resposta foi que “nem pensar”. Resumindo: “Se elas gostam de estar aqui e se eu gosto do meu trabalho aqui, é aqui que vou continuar”.
Ainda por cima, o Porto está a menos de uma hora de distância contada em tempo de viagem de carro. Quando chegou a Vila Real, em 2010, ainda circulava pelo IP4. Desde 2016, quando abriu o Túnel do Marão, “nunca mais” passou naquele itinerário principal, pelo menos na zona da serra. “O túnel foi das melhores coisas que fizeram na região. A par da autoestrada A24. permitem estar rapidamente no Porto, em Chaves ou em Viseu”.
Hora e meia de viagem
Lembra-se de que, quando vivia no Porto, demorava “quase uma hora e meia nos transportes entre a casa dos pais e a universidade”. Se houver algo que tenha de fazer na Invicta, rapidamente vai e vem “sem grandes problemas”.
Recorda os tempos de estudante na Católica, em que teve colegas de Chaves, de Torre de Moncorvo e da Régua e “eles não regressaram às origens, ficaram no Porto”. No ano passado, festejaram 20 anos da entrada no Ensino Superior num jantar e “foi interessante” perceberem que Sofia tinha sido a única a fazer o percurso inverso. “Eu só conhecia em Vila Real um casal amigo dos meus pais e uma prima, que dava aulas cá. Algo meu chamou”, sorri. Talvez tenha sido o que agora a prende: “o gosto por valorizar a região e a vida dos viticultores do Douro”.