Viver junto a um aterro sanitário não é a melhor sensação do Mundo: maus cheiros, pragas e contaminação de solos e água. Os protestos de quem não os pode evitar são muitos e persistentes. Como os mosquitos que por lá andam. Há milhares de pessoas com medo de contrair doenças.
Corpo do artigo
Em Portugal, existem 49, do Norte ao Sul, destinados a vários tipos de resíduos, desde os de origem urbana aos de origem industrial, entre perigosos e não perigosos. E os portugueses produzem cada vez mais lixo, segundo a Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Em 2018, só em resíduos urbanos, geraram-se 5,2 milhões de toneladas de lixo. Mais 605 mil toneladas do que em 2013. Cada português, de acordo com o relatório anual de resíduos urbanos da APA, relativo ao ano de 2018, produz, em média, 507 quilos de lixo por ano. Em 2012, produzia 456. Os números não estão, por isso, a contribuir para a meta traçada para este ano: cada português gerar 410 quilos de resíduos urbanos.
"Este aumento poderá estar relacionado com uma melhoria da situação económica, o que evidencia a tendência de afastamento do objetivo de dissociar a produção de resíduos do crescimento económico. Por outro lado, constata-se que a estratégia de prevenção da produção de resíduos não está a ter os resultados esperados", refere o documento.
Queixas
As queixas de quem vive junto aos aterros são muitas. Por um lado, o cheiro. Por outro, as centenas de gaivotas que os sobrevoam e que já levaram a que em alguns casos, como em Lustosa (Lousada) ou Eirol (Aveiro), fossem contratadas empresas com falcões.
Existem queixas, também, em relação à sua lotação. Exemplo disso é o de Rio Mau, Penafiel, cuja lotação ainda no final do ano foi questionada pela JS local, que afirmou que o espaço "já esgotou há muito a sua capacidade". É que, na realidade, em relação aos resíduos urbanos, 58% do lixo que produzimos tem como destino final o aterro. O restante destina-se a reciclagem, compostagem, entre outros.
À lupa
500 quilos/ano
Os aterros sanitários têm contribuído para a redução do impacto ambiental da excessiva produção de resíduos. Em média, cada português produz mais de 500 quilos de lixo por ano.
Lixeiras desativadas
Em 2002, 341 lixeiras estavam desativadas e, no seu lugar, além de incineradores e centrais de compostagem, foram construídos aterros sanitários.
Lixo estrangeiro
Cerca de 330 mil toneladas de lixo com substâncias perigosas e a necessitar de aprovação prévia chegaram a Portugal vindas do estrangeiro em 2018.