Já há algum tempo que Regina e o marido Gonçalo andavam a pensar numa ideia bem antiga e especial. A primeira a magicá-la foi a avó de Gonçalo, na década de 80, quando tentou, em vão, montar um negócio pouco popular na altura: vender comida caseira congelada. Quarenta anos depois, por impulso da pandemia covid-19, concretizou-se pelas mãos do neto e nora e "foi um sucesso".
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"Há pessoas que estão connosco há dois anos a comer 'avó Zé' todos os dias", apresenta Regina de Mello.
Tudo começou em 2020, após o primeiro confinamento. "Temos um restaurante em Carnaxide [Oeiras] e, de repente, passamos de servir 300 refeições diárias para não servir nenhuma. Percebemos que ou dávamos este passo ou a empresa morria", recorda Regina, que não despediu ninguém e ainda contratou mais dez pessoas.
As lojas da "Despensa da Avó Zé" entretanto abertas em Lisboa, em homenagem a Maria José Homem de Mello, vendem refeições caseiras congeladas e frescas em regime de take-away.
Hoje em dia, não temos tempo para nada e, se podermos, estamos com os filhos ou marido em vez de estarmos a cozinhar
Regina de Mello não esconde o carinho que tinha pela sogra. "Foi ela que me ensinou a cozinhar. Era uma excelente cozinheira e queria ensinar as mulheres a congelarem comida porque, em 1980, não era um hábito. Hoje em dia, não temos tempo para nada e, se pudermos, estamos com os filhos ou marido em vez de estarmos a cozinhar", observa.
A abertura dos espaços de venda de mais de uma centena de refeições caseiras embaladas, inclusive vegetarianas, em Telheiras, Parque das Nações e, no último mês, em Campo de Ourique mostra que o conceito tem tido adesão.
"Mesmo as pessoas que são pouco recetivas, experimentam, gostam e ficam clientes", conta Regina. Várias das refeições "ainda seguem as melhores receitas da avó Zé, como a vitela de Lafões e o pato com azeitonas". "São todas feitas por nós e tentamos não repetir os pratos frescos do dia-a-dia durante um mês", explica, acrescentando que as mais populares são o arroz de pato e bacalhau com natas.
Há pessoas que entram por causa da decoração, nem percebem que vendemos comida. Adoro quando veem objetos e dizem: "a minha avó tinha aquilo na cozinha
Reproduzindo uma verdadeira despensa, há ainda bolachas, doces, chás e vinhos de marcas portuguesas à venda, uma forma também de "ajudar outras empresas".
A decoração da loja, com louças de Ílhavo, "foi pensada para remeter para a cozinha das nossas avós". "Há pessoas que entram por causa da decoração, nem percebem que vendemos comida. Adoro quando veem objetos e dizem: "a minha avó tinha aquilo na cozinha""