A repetição das eleições no círculo da Europa realiza-se sábado e domingo em regime presencial para os 400 eleitores inscritos. Dos cerca de 900 mil inscritos para voto postal, o JN sabe que ainda há centenas de pessoas que não receberam o seu boletim de voto em casa ou não o levantaram nos correios.
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Para evitar nova onda de anulação de votos, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) alertou a 8 de março que os votos enviados depois do dia de hoje devem ser contados, desde que cheguem a Portugal até dia 23, quando será feita a contagem.
Depois de terem sido anulados 157 mil votos nas eleições de 30 de janeiro por decisão do Tribunal Constitucional, os conselheiros das comunidades portuguesas esperam uma grande desmobilização neste ato eleitoral. "A festa da democracia não existe nesta repetição", contou Rui Barata, conselheiro em Estrasburgo, dando conta de uma grande "descrença" dos emigrantes nas instituições portuguesas.
Boletins nos correios
Perturbações no normal funcionamento dos serviços postais - também influenciadas pela invasão da Rússia à Ucrânia -, podem ajudar a explicar o porquê de muitos eleitores ainda não terem recebido o seu boletim. "Basta que um país esteja em guerra, basta que haja uma crise social num país, os correios não funcionam e os portugueses deixam de poder votar", diz Rui Barata.
Num posto de correios em Strassen, no Luxemburgo, ainda há "centenas ou eventualmente milhares de cartas para ser levantadas", contou João Verdades, conselheiro no Luxemburgo.
Os conselheiros apontam a falta de comunicação por parte dos partidos, nas redes sociais e nos consulados. Há eleitores que não percebem por que razão estão a receber outro boletim, outros apontam a falta de campanha e "desmobilização" das forças políticas.
CNE abre exceção
Na passada quinta-feira, os conselheiros relatavam ao JN que muita gente ainda não tinha recebido os boletins de voto. Como têm de ser entregues em mãos, caso o eleitor não esteja em casa, o boletim tem de ser levantado num posto de correio. E "nem sempre é possível fazer isso num tempo razoável", contou Pedro Rúpio, presidente do Conselho Regional das Comunidades Portuguesas na Europa.
Questionada pelo JN sobre se está previsto um prolongamento da data (os boletins devem ser devolvidos até à data do ato eleitoral), a CNE esclareceu que "a ausência de marca do dia ou a existência de marca do dia posterior a 12 de março no envelope branco que capeia a correspondência eleitoral não deve ser causa de nulidade do voto".
Tal como já fizeram aquando da anulação, os conselheiros insistem na revisão da lei eleitoral e que se pense em adotar o voto eletrónico. Também querem a revisão dos círculos eleitorais uma vez que, face ao número de eleitores no estrangeiro, sentem-se sub representados.
Pedro Rúpio alertou que há muitas "pessoas zangadas com o que aconteceu e que não querem repetir o voto". Mas também quem não tenha votado e que agora quer fazê-lo. No geral, os conselheiros anteveem uma "redução substancial dos votos" neste círculo, apontou João Verdades.