Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia que falou por videoconferência no Parlamento português, pediu ao país mais apoio militar, armamento pesado e um reforço ao nível de sanções. Destacou particularmente o embargo do petróleo russo e o apoio para a adesão à União Europeia. Além disso, comparou a guerra no seu país ao 25 de Abril: "o vosso povo vai daqui a nada celebra o aniversário da revolução dos cravos e sabem perfeitamente o que estamos a sentir".
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"Estou grato pela oportunidade. É um tempo muito complicado. Ontem, não muito longe da nossa capital, encontraram mais duas sepulturas de dois homens de 35 anos e uma rapariga de 15 anos", começou por relatar, notando que este cenário repete-se com frequência por onde passam as forças de Putin. E "os russos nem tentaram arrumá-los, nem sepultá-los como deve ser. Mataram para ser divertir, foram torturados", lamentou o presidente ucraniano.
"O mal que está a ser feito à Ucrânia é igual ao que foi feito na II Guerra Mundial", começou por comparar o presidente da Ucrânia, pedindo que sejam enviados tanques, que seja dado mais armamento e que haja um reforço das sanções.
Embargo do petróleo
A Portugal, Zelensky pediu particularmente apoio ao embargo do petróleo russo e na adesão à União Europeia. "Agradeço ao vosso Governo por todo o apoio, pelas sanções, é muito importante. Espero pela vossa decisão para que defendam o embargo do petróleo", referiu na intervenção por videoconferência. Além disso, pediu que não haja um "único banco a funcionar na Europa pela Rússia".
O presidente pediu concretamente a Portugal que, quando o dossiê sobre a entrada na União Europeia for revisto, apoie o país nessa pretensão. "Vocês estão no Oeste, nós mais a Leste, mas as nossas visões são iguais e sabemos que regras, direitos e valores deve haver na Europa", sublinhou. De resto, agradeceu todo o apoio e ajuda humanitária porque sabe "que os nossos povos se compreendem".
Influência nos PALOP
Do mesmo modo, apelou a Portugal para que use a sua influência nos países de língua portuguesa para estes estarem do lado dos ucranianos.
Zelensky defendeu igualmente que se lute contra a propaganda russa: "sejamos livres e apoiemos os livres e civilizados. Acredito que nos vão apoiar porque a Ucrânia já vai a caminho da União Europeia".
Perante deputados que usavam laços ou pequenas fitas com as cores da Ucrânia ao peito, Zelensky descreveu o cenário de terror vivido no país, onde as pessoas são alvo de tortura ou violadas. E desejou particularmente que se tenha ouvido falar de Mariupol, "tão grande como Lisboa e perto do mar" mas agora "toda incendiada" porque os "russos fizeram dela um inferno".
Revolução dos cravos
Em seguida, evocou o 25 de Abril. "O vosso povo vai daqui a nada celebrar o aniversário da revolução dos cravos e sabem perfeitamente o que estamos a sentir", sublinhou. A propósito, recordou as revoluções, a mais recente em 2014, para acabar com a "ditadura" na Ucrânia.
Avisou ainda que, a seguir, a Rússia avançará pela Geórgia e países Bálticos, onde irá tentar impor uma ditadura. Ou seja, o presidente da Ucrânia insistiu que a invasão é só "o primeiro passo" para Putin controlar o Leste da Europa.
A intervenção por videoconferência, que foi aplaudida de pé por todas as bancadas e pelos presidente da República e do Parlamento, Marcelo Rebelo de Sousa e Augusto Santos Silva, foi feita numa sessão solene com altas entidades do Estado e representantes da comunidade ucraniana nas galerias, mas sem a presença dos seis deputados do PCP.
Zelensky já discursou em mais de duas dezenas de parlamentos por todo o mundo, reforçando os apelos à ajuda internacional.