A indústria de pellets é acusada de colocar a floresta em risco e de ser a causa do declínio do pinheiro-bravo. A associação ambientalista Zero propõe ao Governo um plano que elimine gradualmente estas fábricas de grande escala em Portugal.
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Em Portugal, o declínio do pinheiro-bravo e os riscos associados à sustentabilidade da utilização de madeira podem ser justificados através dos danos provocados pela indústria de pellets, revelou o barómetro criado pela Zero sobre a indústria dos pellets em 2023/24 em Portugal. Por essa razão, a associação quer que o Governo faça uma intervenção e reduza a produção.
A Zero defende parar com o financiamento público para a instalação, remodelação ou aumento de capacidade das indústrias de pellets e tornar obrigatória a autorização do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas para a criação de novas fábricas ou expansão de produção das já existentes.
Com o objetivo de eliminar gradualmente as fábricas de pellets de grande escala em Portugal, a associação propõe também que o financiamento público para a gestão florestal seja aumentado. As exigências apresentadas prevêem uma redução do impacto climático, assim como têm em mente a conservação florestal do país.
Contabilizando os dados até há dois anos, a produção de pellets registou uma queda de 11,8%, desde 2011, motivada pela falta de procura dos setores da energia industrial e do aquecimento doméstico. A inflação de preços causada pela guerra na Ucrânia e a concorrência por matérias-primas escassas em Portugal também estão associadas. A produção em 2022 atingiu as 750.000 toneladas, o que exigiu cerca de 1,4 milhões de toneladas de madeira.
“A escassez de matéria-prima florestal é uma realidade incontornável e já está a resultar no encerramento de fábricas” alertou, exemplificando com o encerramento de duas das maiores fábricas do país.