
Artur Machado/Global Imagens
Numa sala do Centro Social e Paroquial de S. Bernardo, crianças de quatro e cinco anos divertem-se a tentar perceber quais os sons que fazem a garganta tremer.
O "bzzzzzz" da abelha faz "cócegas", ao contrário do "sssss" da cobra. Esta e outras sessões semelhantes, que se repetem semanalmente, parecem brincadeiras, mas na realidade são exercícios que a terapeuta Sylvie Capelas usa para estimular a consciência fonológica das crianças, ou seja, a sua capacidade para prestar atenção e manipular segmentos da fala, algo "importante porque influencia diretamente a facilidade de aprender a ler e a escrever".
O projeto de estimulação, único em Portugal, decorre há três anos, envolvendo 63 crianças. Os dados, monitorizados pela docente Marisa Lousada, da Universidade de Aveiro, mostram que as crianças que frequentam o programa evoluíram mais. Na vertente da consciência silábica, por exemplo, tiveram 65 em 74 pontos possíveis (consciência plena), quando as do grupo de controlo (crianças de outra instituição que não fazem as atividades), tiveram 55.
"É preciso um acompanhamento especializado e constante para se obterem resultados sólidos", defende Sylvie Capelas, explicando que o projeto surgiu após apoiar instituições. "Pediam-me para ajudar crianças com dificuldades de leitura e escrita. Mas, depois de as avaliar, percebi que não tinham patologias linguísticas, estavam apenas imaturas e precisavam de ser estimuladas".
