
Dom Henrique, hotel de cinco estrelas no centro do Porto, suspende a atividade já este domingo, sem data de reabertura
Rui Oliveira/Global Imagens
Muitos já fecharam em outubro, mas outros confirmam a suspensão a partir de novembro devido à incerteza criada pela pandemia. Algarve, Porto e Lisboa são regiões mais afetadas.
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Largas centenas de hotéis vão encerrar a partir de novembro sem qualquer perspetiva de regresso. A cadeia Vila Galé, por exemplo, terá 17 unidades encerradas neste outono-inverno. No Porto, o Dom Henrique suspende a atividade já este domingo. No Algarve, as paragens poderão chegar às três centenas.
"Reaberturas antes do próximo verão? Acho difícil. Antes do final do primeiro trimestre será mesmo impossível. Janeiro e fevereiro já eram meses fracos e agora ainda mais, devido à pandemia", refere António Condé Pinto, presidente-executivo da Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo.
"Mais de 70% dos hotéis e empreendimentos turísticos do Algarve devem suspender atividade durante esta época baixa. Estamos a falar de mais de 300 unidades", refere Elidérico Viegas, presidente da associação dos hotéis da maior região turística portuguesa.
As suspensões de atividade multiplicam-se do Norte ao Sul. O Vila Galé Porto encerra precisamente hoje, embora mantenha aberto o Vila Galé Porto Ribeira. O grupo vai encerrar, só em novembro, oito unidades de um total de 17 fechadas ou a fechar. Segundo fonte oficial do Vila Galé, no total ficarão abertos dez hotéis em todo o país.
Minho também sofre
Segundo Rui Marques, diretor-geral da Associação Comercial de Braga, o grupo de hotéis do Bom Jesus tem seis unidades e apenas abriu duas, mantendo quatro encerradas. O presidente da Associação Vimaranense de Hotelaria, Ricardo Silva, diz que "os hotéis mantêm-se a trabalhar, mas antevemos que alguns possam fechar a breve prazo".
"As grandes cadeias têm a capacidade de fechar algumas unidades e manter outras a funcionar na mesma cidade. Mas também há importantes unidades independentes a fechar", refere Condé Pinto.
Um desses hotéis independentes é o Dom Henrique, hotel de cinco estrelas no centro do Porto, que suspende a sua atividade já amanhã sem data de reabertura. "Temos 112 quartos e os custos fixos grandes, sobretudo porque temos tido uma taxa de ocupação abaixo dos 10%", refere Luís Peres, diretor do Dom Henrique, garantindo que não vai haver despedimentos e que vai recorrer aos apoios do Estado.
"Queremos que estes empresários consigam recorrer a todos estes mecanismos que o Governo vai pondo à sua disposição, quer ao nível das moratórias quer ao nível do apoio à retoma da atividade económica, a fim de conseguirem manter os postos de trabalho", refere Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte. A ideia, também defendida por Condé Pinto, é preservar os trabalhadores para garantir o regresso quando a pandemia serenar.
O presidente do Turismo do Centro, Pedro Machado, admite que haja unidades fechadas e assegura que está atento. Palace do Bussaco, Hotel Astória em Coimbra ou Ibis na Figueira da Foz já encerraram.
Uma das soluções passaria pela eliminação da taxa turística, ideia defendida por vários para ajudar os hotéis a atrair os poucos turistas.
