O ministro das Finanças admitiu, esta terça-feira, que houve uma "falha de comunicação" com o primeiro-ministro sobre a transferência de 850 milhões de euros para o fundo de resolução do Novo Banco. No entanto, Mário Centeno disse que António Costa sabia que o valor estava previsto no Orçamento de Estado (OE) e revelou que não sente que tenha de lhe pedir desculpas.
Em entrevista à TSF, o ministro das Finanças garantiu que o líder do Governo sabia que o valor estava "registado e inscrito" no OE e que, como tal, seria "cumprido e executado".
Centeno admitiu que houve "uma falha de comunicação" com o gabinete do primeiro-ministro, uma vez que a injeção de capital tinha acontecido no dia anterior ao debate quinzenal da passada quinta-feira, mas essa informação "não chegou até à altura do debate" no Parlamento.
Apesar de ter admitido a falha de comunicação, Centeno disse que essa foi uma situação "fácil de resolver". O mesmo já não seria verdade se tivesse existido falha financeira - o que, acrescentou, teria tido "um caráter desastroso".
Sobre o porquê de Costa ter pedido desculpas a Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda, por ter dito que não sabia do dinheiro injetado, Centeno foi conciso: "essa pergunta tem de ser feita ao sr. primeiro-ministro".
O detentor da pasta das Finanças revelou também que sabia que António Costa tinha prometido que não seria injetado mais dinheiro no Novo Banco, mas explicou que o primeiro-ministro se referia às outras auditorias atualmente em curso. Esta auditoria em particular decorre da lei, esclareceu, e é obrigatória de cada vez que há uma injeção de capital.
Relação com Costa não saiu abalada
Mário Centeno considerou que este episódio não constitui "nenhum desrespeito pelos contribuintes" e garantiu que a sua relação com Costa não sofreu nenhum abalo com este episódio, continuando a ser "de total transparência e de uma enorme lealdade".
Sobre as palavras de Catarina Martins, que revelou que o Bloco de Esquerda vai voltar a apresentar uma proposta para tornar obrigatório que as injeções de capital ao Novo Banco passem pelo Parlamento, o governante referiu que "não podemos lançar mais incerteza sobre o processo de recuperação da economia portuguesa".
Mário Centeno confirmou ainda que o fundo de resolução do Novo Banco já recebeu 2.978 milhões de euros desde 2017, estando previstos mais 912 milhões.