
O líder do Chega, André Ventura
LUSA
O presidente do Chega anunciou, esta quarta-feira, que o partido deixará de apoiar o Governo Regional dos Açores, decisão que coloca em risco a atual maioria que apoia o Executivo do PSD. A orientação de André Ventura é extensível a acordos autárquicos.
"Rui Rio deixou claro que abdicará de governar caso tenha de se entender com o Chega", lembrou Ventura, numa conferência de imprensa no Parlamento. Nesse sentido, considerou "insustentável que um partido com entendimentos pontuais, regionais ou autárquicos possa continuar a sustentar esses apoios depois dessas palavras de um líder nacional".
"Um líder que diz que é incompatível com o apoio do Chega não pode pedir o apoio do Chega a nível regional, autárquico ou local", insistiu Ventura, afirmando, também, que não existem "pontes de diálogo" com Rio.
As críticas do líder do Chega são extensíveis ao PSD: se Rio deixou de merecer a "consideração" de Ventura, o maior partido da Oposição "não merece qualquer apoio a nível local, regional ou de outro âmbito por parte do Chega", referiu o deputado único, fechando a porta à eventual viabilização de um Governo social-democrata após as eleições de 30 de janeiro.
Chega não quer eleições, mas maioria está em risco
Ventura afirmou que o Governo Regional do PSD não tem cumprido com o que prometeu a nível de combate à corrupção, tamanho do Executivo ou cortes nos subsídios sociais. No entanto, reconheceu ter decidido retirar o apoio aos sociais-democratas "particularmente" por Rio ter enveredado por uma "atitude de hostilização do Chega".
"O Chega não deseja eleições nos Açores nem nenhum quadro de instabilidade. Mas o que basta, basta", afirmou Ventura. A última palavra cabe ao deputado do Chega, que anunciará em breve se acata a decisão da direção nacional.
Ventura afirmou ainda que o seu partido está sob "ataque" há várias semanas, acusando Rio de nunca ter dado mostras de querer estancar "o nível de confronto, hostilização e humilhação do Chega".
Na segunda-feira, em entrevista à Antena 1, o líder do PSD já tinha excluído o Chega de qualquer solução de Governo ou que confira aos sociais-democratas uma maioria no Parlamento, afirmando que abdicará de formar um Executivo caso dependa do partido de Ventura para isso.
A Assembleia Regional dos Açores tem 57 deputados, sendo necessários 29 para haver maioria. Atualmente, PSD, CDS e PPM, que representam 26 deputados, assinaram um acordo de governação. Os dois deputados do Chega e o da Iniciativa Liberal asseguraram a maioria necessária para aprovar o programa do Governo e o Orçamento local.
Entretanto, um dos dois parlamentares do Chega saiu do partido, embora tenha continuado a apoiar o Governo regional. A decisão de Ventura poderá fazer o Executivo perder a maioria necessária para fazer aprovar o próximo Orçamento.
