Convenção BE: Louçã propõe proibição de despedimentos em empresas com resultados
Francisco Louçã propôs, este sábado, a proibição dos despedimentos em empresas que tenham resultados, elegendo o combate ao desemprego e a nacionalização de sectores estratégicos como resposta ideológica e prática à "crise do regime".
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Na sua intervenção na abertura da VI Convenção do Bloco de Esquerda, que decorre em Lisboa, o coordenador da comissão política centrou-se na economia e na resposta à crise que disse ser do regime.
Uma das propostas foi a proibição dos despedimentos nas empresas que apresentam resultados.
"Isto vai criar surpresa", admitiu, justificando a proposta argumentando que é o trabalho que cria riqueza e não o capital.
"Alguém já viu o capital a produzir? Imaginem dois coelhos numa cova, de certeza que vão sair coelhinhos, mas se puserem duas notas de cem euros, imaginam que vão sair notas de vinte? O capital nada faz. Agora é tempo de devolverem a quem deu a sua vida ao trabalho", defendeu Louçã.
Repetindo um "número" que já tinha feito na anterior convenção bloquista, em 2007, Louçã pôs o primeiro-ministro, José Sócrates, a falar para a Convenção.
Sócrates surgiu nos dois ecrãs que ladeiam o palco da Convenção a "avisar", da tribuna do Parlamento, o BE para ter "tento na língua".
Louçã "respondeu" que "os que mandam são incapazes de responder à crise", afirmando que a crise actual "é do regime económico e social" e que a "crise do regime que concitou as esquerdas portuguesas".
Contra os despedimentos, Louçã lembrou que há quatro anos José Sócrates, então na oposição, considerava que 7,1 por cento de desemprego "era a marca de uma governação falhada", enquanto "este ano pode-se chegar aos 10 por cento de números verdadeiros, meio milhão de condenados".
"Faríamos melhor despedir os patrões", afirmou Louçã, aplaudido pelos congressistas.
Francisco Louçã lançou a questão das nacionalizações como "uma questão política e de ideologia do nosso tempo", defendendo "tudo o que é bem comum deve ser público": a água, a saúde, as comunicações, a energia.
"Não é uma questão de teoria, é de prioridades.
A expropriação do bem comum pela sofreguidão conduziu ao desastre", argumentou, defendendo ainda um "serviço público bancário".
Louçã apresentou ainda uma terceira proposta: proibir que as empresas que recebem benefícios, isenções e avales do Estado "usem o dinheiro para pagar dividendos aos seus accionistas".
"Era o que faltava, alguém aceita pagar impostos para financiar a especulação?", questionou.
O coordenador da comissão política do BE, que saudou da tribuna o líder da CGTP Carvalho da Silva, que assistiu à intervenção, defendeu que não há nem nunca houve qualquer "obsessão com o défice" sublinhando que afinal, quando foi preciso, o dinheiro apareceu.
"Não há nenhuma obsessão com o défice. Sempre que é preciso o dinheiro surge. Há sim uma opção distinta que é a privatização. Já foi a EDP, a GALP, a Águas de Portugal. Até os monumentos querem concessionar. Eles têm obsessão pelo negócio", criticou.
Louçã aproveitou ainda para um breve comentário à promulgação do Código do Trabalho, dizendo que "agora começou a luta para conseguir a sua revogação", uma luta "para conseguir a sua revogação".