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Costa: "As pessoas não podem estar satisfeitas com o Governo"

Costa: "As pessoas não podem estar satisfeitas com o Governo"

O primeiro-ministro reconheceu, esta quinta-feira, que os portugueses "não podem estar satisfeitos com o Governo". António Costa considerou que os motivos para o desagrado estão nos efeitos da inflação e na crise da habitação: "A sociedade portuguesa não está a viver momentos de felicidade e euforia", frisou.

Em entrevista à SIC, e confrontado com uma sondagem que indica que quase dois terços (64%) dos inquiridos classificam o Governo como "mau" ou "muito "mau", o primeiro-ministro disse encarar esses resultados com naturalidade. "Não me surpreende que, depois de um ano tão difícil e tão exigente, tenhamos uma avaliação deste tipo", referiu.

Costa disse ser preciso "ter consciência" dos problemas que o país está a enfrentar, dando como exemplo uma inflação em níveis "como não tínhamos há 30 anos" e a crise da habitação. Classificou ambos os fenómenos como terríveis e, para ilustrar o problema da habitação, deixou a pergunta: "Imagina quantas famílias, por exemplo, não conseguem separar-se porque não conseguem passar a pagar duas casas?".

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Depois, insistiu: "Como é que quer que, neste contexto, as pessoas estejam satisfeitas com o Governo? Não podem estar satisfeitas com o Governo", afirmou. Ainda assim, garantiu que a avaliação negativa não o abala. "Governar é isso. Não podemos estar a governar só para termos aplausos", concluiu.

Nega não ter ouvido autarcas sobre habitação

Na mesma entrevista, Costa evitou comentar as consequências de um eventual veto do presidente da República ao pacote "Mais Habitação". "Não gosto nem de comentar o que fazem os outros órgãos de soberania nem muito menos de os condicionar", frisou. Questionado sobre se o veto degradaria mais as relações com Marcelo, respondeu que esta "não se degrada com certeza".

O chefe do Executivo considerou que a habitação é hoje uma "necessidade central" das famílias e um "problema dramático" para a classe média e para os jovens. De modo a contrariar essa realidade, disse ser necessário" mobilizar e incentivar os privados" a disponibilizarem as suas casas a preços suportáveis.

Garantindo que o Governo "nunca propôs" o fim do alojamento local (AL), Costa disse ser sua responsabilidade "conter" a disseminação deste modelo, de modo a "dar tempo a que haja um novo equilíbrio na oferta".

O primeiro-ministro também negou não ter consultado os municípios antes de apresentar as propostas do "Mais Habitação". A propósito das críticas do presidente da Câmara de Lisboa - que, esta quinta-feira, marcou presença numa manifestação do AL - frisou que, se Carlos Moedas acha que o AL deve ser "a prioridade", essa é uma "opção legítima".

Sobre os reparos de Rui Moreira, Costa considerou que estes são "normais" em democracia. "O presidente da Câmara do Porto não tem de concordar comigo, temos de dialogar", referiu. Para provar que dialogou com os autarcas, revelou que Moreira lhe entregou pessoalmente as suas propostas para a habitação.

Questionado sobre a recuperação do tempo de serviço dos professores, Costa assegurou que nunca prometerá nada que não tenha a certeza de que pode cumprir.

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