
Manuel de Almeida/Lusa
O secretário-geral do PS alertou, esta quarta-feira, que 2023 será um ano de "incerteza", mas assegurou que não há razão para que o país passe a viver "angustiado". No jantar de Natal do grupo parlamentar socialista, António Costa defendeu que a gestão "prudente" do Governo permitirá resistir melhor à inflação e a outros efeitos da guerra da Ucrânia. Ainda assim, repetiu o aviso que o presidente da República tinha feito, horas antes, para frisar que o fim do conflito "não depende de nós". No final, deixou uma garantia: "Como já provei, não estou cansado".
"Toda a vida política tem a incerteza como elemento permanente da nossa realidade", afirmou Costa, em Lisboa. Embora se tenha comprometido a cumprir o programa do Governo, o primeiro-ministro e líder do PS foi repetindo a ideia de que o próximo ano continuará a colocar "dificuldades". Nesse sentido, avisou: "Não vivemos na ansiedade de cumprir no primeiro ano tudo o que temos para cumprir nos quatro anos" da legislatura.
No entender de Costa, é a "determinação" do Governo em "continuar a reduzir sustentadamente a dívida pública" que dá ao país armas para enfrentar a subida das taxas de juro e a diminuição de compra de dívida pública por parte do Banco Central Europeu. Assim, os portugueses devem ouvir essas notícias "sem passarem a viver angustiados", frisou.
Costa também contestou a ideia de que o PS se limita a gerir crises. "Se não geríssemos a crise, quem a geria por nós?", questionou, ouvindo aplausos. E revelou: em medidas extraordinárias para mitigar os efeitos da guerra, "já gastámos tanto como nas medidas para fazer face à covid-19".
Lembrando os tempos do último Governo PSD/CDS, em que o PS era acusado de "matar a competitividade" das empresas, António Costa sustentou que os socialistas provaram que esta não se alcança com "baixos salários" nem a "estrangular" o poder de compra, mas sim através da "inovação" e da "qualificação".
Costa destaca "diálogo" com Oposição e país
Costa sublinhou ainda a importância do "diálogo" com a Oposição e com o país, elencando algumas das conquistas que o Governo da maioria absoluta conseguiu através da negociação. Destacou o acordo de rendimentos e competitividade alcançado em sede de concertação social, os acordos de descentralização da ação social e o princípio de entendimento com o PSD quanto à localização do novo aeroporto de Lisboa.
O líder do PS desferiu novo ataque à Direita, desta vez para vincar que, "só no último Orçamento do Estado", os socialistas aprovaram mais propostas da Oposição do que o último Governo PSD/CDS.
Antes, o presidente da Assembleia da República, o socialista Augusto Santos Silva, tinha também usado da palavra. Numa alusão a um pedido habitual dos partidos de Direita, recomendou que o país "não se deixe encantar por aquela litania das reformas estruturais" e pense antes na "mudança estrutural" que Portugal tem vindo a conhecer.
"Algumas vezes somos nós que temos que acompanhar a transformação do país, designadamente na agenda dos costumes e em outras áreas essenciais que têm a ver com os Direitos Humanos", frisou Santos Silva. Nessas temáticas, é preciso "acompanhar essa mudança e não travá-la com preconceitos de natureza moral ou ideológica".
O líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, foi o primeiro a discursar, destacando o facto de o PS, embora tendo maioria absoluta, já ter sido "capaz de aprovar" 144 propostas dos partidos "do espectro democrático".
