A Direção-Geral da Saúde (DGS) pretende difundir mensagens destinadas à promoção da saúde e à prevenção de doenças através de influenciadores locais, que são personalidades conhecidas de determinado território. A intenção está descrita no Plano Nacional de Literacia em Saúde e Ciências do Comportamento 2023-2030, o documento estratégico que pretende aumentar a informação da população sobre comportamentos saudáveis e que será apresentado esta quarta-feira, em Mafra.
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O nível de conhecimento dos portugueses sobre saúde está a aumentar, mas é preciso chegar a mais gente, conclui a DGS, no Plano Nacional de Literacia em Saúde e Ciências do Comportamento 2023-2030. O documento será apresentado esta quarta-feira, às 15 horas, no Palácio Nacional de Mafra, e define várias formas de conseguir informar o maior número de pessoas sobre boas práticas em saúde e comportamentos preventivos de doenças, entre as quais a "difusão de mensagens a diferentes públicos-alvo através de influenciadores sociais".
Miguel Arriaga, chefe da Divisão de Literacia, Saúde e Bem-Estar da DGS, chama-lhes "microinfluenciadores" que podem ser "bombeiros, agentes da PSP, militares da GNR, pessoas dos serviços de ação social dos municípios". Ou seja, pessoas "que estão próximas da população e que são conhecidas pela sua atividade diária".
O responsável acrescenta que estes influenciadores locais "vão ter um treino específico para partilhar esta informação" e vão receber um conjunto de ferramentas "com as mensagens que se querem transmitir sobre determinados temas".
O Plano Nacional de Literacia em Saúde e Ciências do Comportamento 2023-2030 sucede ao plano 2019-2021 que concluiu ter existido um aumento de 22,6% do número de portugueses com um nível "suficiente" de literacia em saúde. São agora 65%, aos quais se somam 5% com um nível "excelente". Há, contudo, 22% de portugueses com um nível "problemático" e 8% com nível "inadequado".
Das várias dimensões da literacia em saúde, é sobre a prevenção da doença que os portugueses têm menor conhecimento, com 46% a apresentarem um nível igual ou inferior a "problemático". Em sentido inverso, é na dimensão da promoção da saúde que os portugueses têm maior literacia, com quase 80% acima do nível "suficiente".
É a partir deste diagnóstico que a DGS se propõe a implementar um conjunto de medidas como a difusão de mensagens credíveis através de influenciadores locais, considerando "de extrema importância" que a sociedade se mobilize na transmissão de boas práticas.
"Este documento é a primeira parte do plano, mais conceptual, e vamos depois trabalhar no plano de ação", reforça Miguel Arriaga, que fala numa "mudança social" que está a acontecer e que quer fazer com que mais pessoas continuem a aprender sobre saúde: "Isto não nos permite ficar descansados porque apesar de os resultados serem bastante melhores temos mesmo de fazer com que os níveis de literacia sejam ainda mais elevados".
Outro passo "fundamental" para promover a literacia em saúde é a identificação e caracterização das populações mais vulneráveis, dado que "são estas as que apresentam menores níveis de literacia em saúde". Concretamente, a DGS considera "essencial" melhorar a literacia em saúde das pessoas idosas, com baixos níveis de escolaridade, com doenças crónicas, de baixos rendimentos, com uma auto-perceção má da saúde ou que recorrem com elevada frequência aos cuidados de saúde primários.
O plano elenca algumas medidas que já estão em curso para alcançar este objetivo, nomeadamente a criação da plataforma "AtivaSaúde" que divulga boas práticas e vídeos desde 2021, a campanha "Mitos e Verdades" que classifica informações que circulam nas redes sociais, o jogo "Exploradores da Saúde" dirigido a crianças do 1.º ciclo, o referencial para desenvolvimento de projetos que pode ser adaptado por qualquer instituição que vise desenvolver uma iniciativa que promova a literacia em saúde da população, ou a criação de um observatório.