
Alberto Magalhães tem o casamento da irmã marcado para o próximo mês no Canadá. País pede as duas doses da vacina.
Pedro Correia/Global Imagens
Há países, como o Canadá e o Reino Unido, que não consideram vacinação total e obrigam a quarentena.
Corpo do artigo
Há portugueses recuperados da covid-19 que estão com dificuldades em viajar para alguns países estrangeiros por terem recebido apenas uma dose da vacina. Isto porque, para entrar nos territórios sem qualquer restrição, é-lhes exigida a toma das duas doses, independentemente de terem estado infetados. Caso não tenham a dupla vacinação, podem entrar nos países mas têm de seguir as regras para os não vacinados.
É o caso do Reino Unido e do Canadá, que obrigam a um isolamento de 10 e de 14 dias, respetivamente. Em Portugal, há mais de um milhão de recuperados. O JN contactou o Ministério dos Negócios Estrangeiros, mas não obteve resposta até ao fecho da edição.
14222474
Em Portugal, a Direção-Geral de Saúde (DGS) recomenda uma dose única para recuperados da covid. No entanto, há exceções. Nas viagens, desde que esteja comprovada a sua "urgência" e que o país de destino não aceita o recomendado em Portugal, o esquema vacinal pode ser adaptado.
As exceções aplicam-se se houver "necessidade de cuidados de saúde transfronteiriços", "representação diplomática ou de estado", "missões humanitárias" e "obrigações laborais ou académicas devidamente fundamentadas".
Alberto Magalhães e Teresa Colaço não se enquadram em nenhuma das exceções. Com voos marcados para o próximo mês, estão numa corrida contra o tempo para conseguir entrar nos países de destino sem terem de cumprir a quarentena exigida aos não vacinados.
Alberto tem o casamento da irmã no Canadá. Além de ser o padrinho, vai levar a irmã ao altar. Teresa vai viajar para o Reino Unido. Ambos estiveram infetados com covid e tomaram uma única dose da vacina.
"Frustrante"
"A minha irmã ligou-me a dizer que conheceu dois casos em que as pessoas aterraram em Toronto e, como tinham uma dose, tiveram de regressar", recordou Alberto Magalhães, que já recorreu a um centro de vacinação para tentar tomar uma segunda dose.
Como não se enquadra nas exceções previstas pela DGS, Alberto Magalhães pediu ainda ajuda à embaixada do Canadá. Aguarda resposta. Viajar mais cedo e fazer os 14 dias de quarentena exigidos aos não vacinados não é hipótese. "Estou a meio de uma época alta no trabalho", contou.
Teresa Colaço tem uma estadia de quatro dias marcada no Reino Unido. No entanto, sem as duas doses da vacina, é considerada pelo país como não estando totalmente vacinada e terá de cumprir quarentena obrigatória de dez dias à chegada.
"É frustrante. Qualquer pessoa que não tenha tido covid pode viajar sem qualquer problema, mas eu como tive a infelicidade de contrair covid em janeiro não posso", lamentou.
Citando o relatório do Centro Europeu para Prevenção e Controlo de Doenças referente à estratégia de vacinação na União Europeia, a DGS refere que, à semelhança de Portugal, mais 14 países realizam a vacinação com uma dose em recuperados. A decisão de administrar uma só dose baseia-se "nos dados disponíveis".
Destaca ainda que "a sustentação científica do Regulamento Europeu dos Certificados Digitais Covid da União Europeia permite a emissão de certificados com apenas uma dose em pessoas que recuperaram de infeção prévia".
Reino Unido e Canadá
Segundo os governos do Reino Unido e do Canadá, para entrar nos dois países, é necessário ter ambas as doses da vacina. A regra aplica-se a ex-infetados.
Medidas variam
As restrições às viagens variam de país para país. Há países que ainda não reabriram fronteiras, como é o caso da Austrália e da Nova Zelândia. Há outros que exigem quarentena para todos (como a Indonésia).
