Um ex-combatente da guerra do Ultramar está, há quatro dias, a fazer uma greve de fome na escadaria do Parlamento em protesto por apenas receber uma pensão de 287 euros. Virgílio Manuel diz que são muitos os ex-militares com deficiência, como ele, que sobrevivem com esse valor. E exige reformas equivalentes ao salário mínimo.
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Virgílio Jesus Manuel tem 70 anos e uma deficiência provocada por ter combatido na guerra colonial. "Já fui operado três vezes", conta, ao JN. Ainda assim, nunca mais conseguiu trabalhar.
Desde então, aquele ex-combatente de Benavente sobrevive com uma pensão de 287 euros mensais, que não é mais baixa porque, há três anos, foi aprovado um suplemento especial com um valor adicional que varia consoante o tempo de serviço militar prestado.
"Se não tivesse uma companheira não tinha como sobreviver com este valor", denuncia Virgílio Manuel, considerando que a Associação dos Deficientes das Forças Armadas deveria ser mais combativa, uma vez que existem muitos ex-combatentes com deficiência na mesma situação.
Farto de esperar por um aumento da pensão de invalidez que nunca mais chega, Virgílio montou tenda na escadaria do Parlamento, onde está em greve de fome desde quarta-feira. "Estou bem. Mas começo a sentir-me muito cansado", diz.
Desde que lá se encontra já recebeu a visita de três deputados (os socialistas Lara Martinho e Diogo Leão, além da porta-voz do PAN, Inês Sousa Real). Mas não chega. "Ainda ninguém me recebeu", lamenta, referindo que gostaria de chegar à fala com o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues.
No seu caderno reivindicativo está um aumento da pensão para valores equiparados ao do salário mínimo nacional. E, enquanto não for ouvido, promete não arredar o pé. "Já passei aqui o meu aniversário. Os meus filhos vieram-me ver. Não saio daqui até eles resolverem o assunto", promete.