
Jerónimo de Sousa
MÁRIO CRUZ/LUSA
A fachada do edifício do Centro de Trabalho de Beja do PCP foi vandalizada com inscrições alusivas à ofensiva militar da Rússia na Ucrânia, que já foram parcialmente apagadas, constatou esta segunda-feira a agência Lusa no local.
As inscrições, que terão sido feitas na noite de sábado ou na madrugada de domingo, ainda se conseguiam reconhecer esta segunda-feira à tarde na fachada do edifício, apesar de se notar ter havido uma limpeza.
Centro de Trabalho do PCP em Beja. OCS e liberais de esquerda estão todos de parabéns. Percebam que não nos intimidaram durante o fascismo e não nos intimidam hoje. E que reagimos sempre. pic.twitter.com/XDL8E38kFb
- RMS (@ricardomsantos) February 27, 2022
No ato de vandalismo, um risco com tinta vermelha foi pintado na porta do edifício e, na parede, a preto, foram inscritas as frases "Russos = Comunas" e "Têm sangue ucraniano na foice".
Contactado pela Lusa, o PCP, através do gabinete de imprensa, limitou-se a dizer que "os atos antidemocráticos falam por si".
Já o comandante distrital de Beja da PSP, o intendente Raúl Glória Dias, também contactado pela Lusa, disse que a força de segurança "não teve conhecimento" da ocorrência, "nem formal, nem informalmente", e que não foi apresentada qualquer queixa.
Na passada quinta-feira, dia em que a Rússia lançou a ofensiva militar em território da Ucrânia, a classe política portuguesa, com a exceção do PCP, condenou a ação, apelando à imposição de sanções e equacionando a mobilização de militares portugueses no quadro da NATO como forma de dissuasão.
Num debate sobre a invasão da Rússia à Ucrânia, na Comissão Permanente da Assembleia da República, o líder da bancada parlamentar do PCP, João Oliveira, considerou que a "guerra não é solução" para a resolução da situação entre aqueles dois países.
João Oliveira exortou o Governo a contrariar a "escalada de confrontação política" impedindo o envolvimento de militares portugueses e apontou o dedo aos Estados Unidos da América, que qualificou como sendo os "verdadeiros interessados numa nova guerra na Europa", estando "dispostos a sacrificar até ao último ucraniano ou europeu para a promover".
Já numa ação partidária em Lisboa, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considerou que as declarações de Vladimir Putin, sem especificar quais, refletem a Rússia "como país capitalista" e representam "um ataque à União Soviética", defendendo a via do diálogo para encontrar uma solução para o conflito na Ucrânia.
A Rússia lançou na passada quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e quase 500 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.
