Utentes não conseguem marcar testes. Laboratórios do grupo Unilabs receberam 20 mil chamadas só na segunda-feira.
Os utentes do Norte referenciados pelas autoridades de saúde para fazerem o teste à Covid-19 estão a ter grandes dificuldades na marcação junto dos laboratórios recomendados. A procura disparou e a capacidade de resposta atingiu os limites. Na segunda-feira, havia linhas telefónicas entupidas e marcações recusadas por ter sido atingida a lotação máxima.
Ao JN, fonte da Administração Regional de Saúde do Norte (ARSN) admitiu os constrangimentos, que resultam da elevada procura e do alargamento da atuação dos laboratórios a toda a região. De resto, assegurou que "a capacidade de resposta será aumentada por estes dias", sem conseguir precisar quando.
Todas as pessoas com indicação para fazer o despiste ao novo coronavírus recebem da linha SNS24 uma lista com os laboratórios convencionados onde devem fazer a marcação. O problema é obter resposta.
Foi o que aconteceu a Nuno Fernandes. Com tosse persistente há uma semana, decidiu ligar para o SNS24 e recebeu indicação para fazer o teste, devendo proceder à marcação após obtenção de uma mensagem SMS com códigos de acesso e uma lista dos laboratórios convencionados por região. Residente no centro do Porto, começou por ligar para o número dos laboratórios Carlos Torres (do grupo Unilabs), onde lhe foi dito que não estavam a aceitar marcações até sexta-feira. De seguida, tentou os do grupo Germano de Sousa na zona do Porto e os números estavam desligados. "Agora estou numa incerteza. Até posso estar negativo, mas na dúvida não posso sair sequer para ir ao supermercado. E se estiver positivo devo ficar à espera que os sintomas se agravem para me tratar?", questionou o utente, que vive sozinho.
Em toda a região Norte, os laboratórios dos grupos Unilabs e Germano de Sousa são os convencionados para a realização dos testes.
No call center do grupo Unilabs, que entre outras unidades assegura o "Drive Thru" instalado no Queimódromo do Porto, ontem a resposta era apenas uma: "Não estamos a aceitar marcações, por lotação da capacidade".
Ao JN, Luís Menezes, administrador executivo da Unilabs Portugal, deu três números para explicar o que se está a passar: os call centers têm capacidade para atender oito mil chamadas por dia e, ontem, receberam 20 mil. E a capacidade atual de realização de testes é de cerca de mil por dia. Como tal, os constrangimentos são óbvios, resumiu o responsável, assegurando que estão "a tentar fazer o maior número de marcações possível por dia".
O diretor-geral do Norte do grupo Germano de Sousa explicou ao JN que, devido a uma falha que ainda não havia sido detetada, o centro que cobre a zona Porto-Gaia tinha os dois telemóveis desligados desde sexta-feira e o da zona de Penafiel teve problemas ao final do dia de ontem. "Amanhã [hoje] já estarão em funcionamento", garantiu. Quanto a marcações, Manuel Magalhães assegurou que ainda estão a receber mas, para hoje, as disponibilidades já estão quase preenchidas.
Grande falta de material
Ainda sobre a capacidade de realização de testes, Germano Sousa, diretor do grupo, disse ao JN que estão a fazer cerca de 1400 por dia em todo o país, mas realçou que a produção poderá vir a ser afetada nos próximos dias pela "enorme dificuldade em obter reagentes", um problema que está a afetar unidades públicas e privadas. "Estava à espera de 30 mil reagentes dos EUA, mas ficaram retidos porque precisam deles na América", contou. Faltam também zaragatoas para fazer as colheitas, indicou.