Preparam-se para pico de afluência por causa das novas regras para travar a covid-19. Já há reservas para o Natal. Só 22% das farmácias aderiram aos testes grátis porque o valor pago pelo Governo não atrai.
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A três dias da entrada em vigor das novas regras de testagem anunciadas pelo Governo, as farmácias estão a recrutar profissionais, a reorganizar horários e a comprar novas estruturas para darem resposta ao expectável pico de afluência logo no início de dezembro. A Associação Nacional de Farmácias pede aos utentes que agendem os testes com tempo para evitarem "dissabores de última hora". A procura está a crescer e até já há marcações para o Natal.
A partir da próxima quarta-feira, mesmo as pessoas vacinadas têm de apresentar um teste negativo nas visitas a lares e a hospitais, para entrarem em discotecas e em bares e para acederem a grandes eventos sem lugares marcados e a recintos desportivos. A decisão vai pôr à prova a resposta dos serviços de testagem disponíveis no país.
"Há muitas farmácias a antecipar o pico de procura e a organizarem-se, contratando profissionais e a criarem novas estruturas", afirmou ao JN Ema Paulino, presidente da Associação Nacional de Farmácias (ANF), que representa 94% do setor. Algumas, acrescentou, decidiram contratar administrativos para ajudarem os farmacêuticos com a parte burocrática associada aos testes.
Só 626 farmácias aderiram
Porém, nem todas conseguem contratar ou fazer crescer as instalações e os dez euros pagos pelo Governo por cada teste "não são suficientes" para tais investimentos, referiu. Das 2920 farmácias que existem em Portugal, há 626 que fazem testes gratuitos comparticipados pelo Governo (22% do total) e 171 laboratórios que também integram o regime excecional reativado no início do mês.
Se o preço fosse mais atrativo, a adesão seria maior e a resposta melhor, acredita Ema Paulino. "Em municípios onde há acordos, há mais farmácias a aderir aos testes gratuitos", disse a farmacêutica, apontando o exemplo da capital, onde a Câmara paga, desde o verão, 15 euros por cada teste. "Em Lisboa, as farmácias contrataram pessoas e compraram estruturas para pôr à porta, onde fazem os testes", explica.
Atualmente, segundo a ANF, há cerca de três centenas de farmácias, no continente e ilhas, que fazem testes gratuitos comparticipados pelas câmaras. Já houve acordos com oito municípios (estão em vigor apenas em Lisboa e Lagoa), mas alguns podem vir a ser reativados até ao final do ano, adiantou Ema Paulino, sem desvendar quais.
Quanto mais em cima do fim de semana, mais difícil é marcar um teste de antigénio comparticipado nas farmácias. No Porto, ontem à tarde, a oferta era muito reduzida. A maioria das farmácias contactadas pelo JN já tinha as vagas completas para sábado e domingo.
Ainda assim, estruturas maiores como a Farmácia d'Arrábida, que faz os testes em modelo "drive thru" no estacionamento, tinham disponibilidade em vários horários. Em Lisboa, a pressão também está a crescer, com o aumento de casos e o anúncio de novas medidas. Na farmácia Carnide, as tardes "aliviadas" acabaram. A equipa é a mesma e o trabalho cresce a cada dia, fazendo temer dificuldades. Nas farmácias que gere Ema Paulino, já há reservas para dezembro e até "algumas para o Natal".