A Fundação "la Caixa" vai financiar em cerca de 300 mil euros três novos projetos portugueses, cerca de 100 mil para cada um. Entre os vencedores estão a criação de uma tampa inteligente para a esterilização de cateteres, a libertação de medicamentos controlada para lesões na espinal medula e a inativação de bactérias como alternativa aos antibióticos.
Trata-se de um financiamento no âmbito do programa CaixaResearch Validate 2021, que existe desde 2019.
A investigação de Diogo Trigo, da Universidade de Aveiro, intitulada "NanoSpin: libertação de medicamentos mediada por nanopartículas para as lesões na espinal medula", é uma das selecionadas.
"A ideia é desenvolver um sistema de entrega de medicamentos para promover a neuro regeneração", explica o investigador ao JN. "A inovação é ter um módulo novo controlado de libertação das drogas, regulado de forma temporal e de localização", diz.
O projeto "NanoSpin" prevê "fazer a libertação do medicamento de uma forma controlada, que faz com que a regeneração aconteça de forma guiada", justifica Diogo Trigo.
A ideia é aplicar esta solução para lesões neurológicas e lesões na espinal medula.
O que acontece tradicionalmente é que os medicamentos são administrados de forma oral ou por injeção em que a distribuição e a sua difusão ocorre a partir de um doseamento inicial. "O grande problema dos neurónios é que as lesões ocorrem nos cabos de comunicação que são cortados e, se um cabo de comunicação que é cortado crescer por si só, nada nos diz que ele não vai crescer na direção errada", constata. Com este medicamento, "à medida que estes cabos estão a crescer, nós estamos a atrai-los para o seu congénere do lado oposto".
Alternativa aos antibióticos
Também o projeto "Desarmar bactérias, uma alternativa inovadora aos antibióticos" de Ricardo Monteiro, investigador do Instituto de Investigação e Inovação em Saúde da Universidade do Porto (i3S) será financiado em cerca de 100 mil euros.
"Atualmente as terapêuticas que existem estão rapidamente a ser ultrapassadas pelas bactérias devido à facilidade com que elas desenvolvem resistência aos antibióticos que usamos normalmente", justifica o investigador. "Esta iniciativa vai trazer compostos novos que vão ajudar os tratamentos que existem atualmente a ultrapassar a diferenciação e podemos ter um tratamento muito mais eficaz e sem o perigo da resistência que atualmente é uma das maiores preocupações que a Organização Mundial de Saúde tem", afirma.
Tampa para esterilizar cateteres
O terceiro projeto vencedor é da investigadora Inês Gonçalves, do Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (INEB) / i3S.
Mais de sete milhões de pessoas no mundo sofrem de falência renal. Doentes que precisam de procedimentos como o transplante de rim ou têm de fazer diálise- processo de purificação do sangue ( três vezes por semana) para o resto da vida. O processo de diálise ocorre em 2.4 milhões de pacientes no mundo e desses que fazem hemodiálise 80 % fazem-no através de cateteres de acesso vascular. "Cada vez que abrimos ou manuseamos o cateter durante uma sessão de diálise, pode ocorrer infeção através de bactérias que estão no ar ou nas mãos das pessoas, e que conseguem entrar para o interior do cateter provocando a infeção.
A investigadora apresenta a solução: uma "Tampa inteligente para a esterilização de cateteres".
"Temos uma tecnologia inovadora que utiliza uma tampa especial que queremos usar não só como bloqueio para tapar o cateter, mas também para o esterilizar (matar as bactérias que tenham entrado para o cateter)", revela.
"A tampa tem uma fonte de luz que ativa o grafeno (camada fininha de átomos de carbono) que se organizam em forma de favo de mel e consegue absorver radiação que faz com que este material exerça as suas propriedades anti bacterianas", explica.
A Fundação "la Caixa" implementou Programa CaixaResearch Inovação em Portugal no ano de 2019, em conjunto com a Caixa Capital Risc e com o apoio do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia (EIT Health). Desde então, foram atribuídos 1,8 milhões de euros a 13 projetos portugueses.
Para além do apoio financeiro, os investigadores recebem formação especializada em áreas-chave.