O INEM fez chegar equipamentos de proteção com problemas, danificados e em número reduzido, a muitas das 54 bases de emergência. Os equipamentos são fundamentais para proteger os profissionais de saúde contra o coronavírus Covid-19.
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Máscaras sem elásticos e encaixes quebrados ou só um par de óculos, quando viajam dois técnicos em cada viatura, são alguns problemas detetados. Pior: as falhas nem sequer poderão ser reportadas porque os computadores das bases estão avariados.
Os equipamentos começaram a chegar há uma semana e meia, depois de o JN ter noticiado a sua falta. As bases a Sul foram as primeiras a ser contempladas pelo INEM. Seguiram-se as do Centro e, por fim, as do Norte do país. Até ao fecho desta edição, a base de Espinho ainda não tinha recebido qualquer material.
É precisamente a Norte que mais equipamentos danificados foram distribuídos, garante Rui Lázaro, dirigente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH). "As máscaras recebidas não asseguram a esperada e obrigatória proteção, porque só trazem um elástico, ficando soltas no rosto", denunciou, ao JN.
Além das falhas, Rui Lázaro assegura também que não foi distribuído material em número suficiente: em algumas bases, foi entregue um par de óculos, quando as viaturas são operadas por duas pessoas. O kit enviado às bases do INEM inclui ainda dois pares de cobre-botas e duas batas impermeáveis.
Falta de informação
Os kits de proteção individual foram recomendados pela Direção-Geral da Saúde, mas chegaram às bases sem qualquer informação, acusa Rui Lázaro. "O INEM não informou os profissionais nem que ia enviá-los, nem que já tinham chegado". A isto junta-se a falta de formação: "Nunca foi dada qualquer formação, desde a forma de uso do material até como lidar com potencial material contaminado".
Ao JN, o INEM começou por contrariar o cenário descrito pelo STEPH, assegurando que, ainda que seja "parte integrante dos cursos" de emergência médica, "iniciou na semana passada uma formação com intuito de relembrar os profissionais do instituto sobre a utilização dos diversos tipos de EPI (Equipamentos de Proteção Individual)".
Quantos a materiais danificados, o INEM disse que "não existe qualquer reporte, formal ou informal". Há "procedimentos específicos" para que "os operacionais reportem anomalias" ou informem da necessidade de substituir materiais.
Rui Lázaro, que será recebido amanhã pelo Governo, desmente o INEM. "Se houve formação, foi só dada às quatro ambulâncias especiais", preparadas para casos de coronavírus. Quanto a reclamações, assegura que os computadores das bases e das ambulâncias avariaram e não foram substituídos. "Não há como preencher as plataformas eletrónicas de registo de anomalias e consumos", disse.