Incêndios de domingo causaram 36 mortos, segundo um balanço provisório que inclui sete desaparecidos.
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"É um momento de luto", declarou o primeiro-ministro António Costa, pouco depois das 20.15 horas, numa declaração ao país na residência oficial em São Bento, em Lisboa.
O chefe do Governo sublinhou que Portugal enfrenta "a maior vaga de incêndios desde 2006".
"Domingo foi um dia terrível", reconheceu, destacando a resposta do efetivo de Proteção Civil, que "teve de responder a mais de 500 ocorrências".
Não é tempo de demissões, é tempo de soluções
"É tempo de passar das palavras aos atos. Não é tempo de demissões, é tempo de soluções", sublinhou António Costa, relembrando o Conselho de Ministros extraordinário que já estava agendado para o próximo sábado para adotar medidas na sequência do relatório da Comissão Técnica Independente sobre os incêndios de Pedrógão Grande e Góis, em junho passado.
O primeiro-ministro pediu consenso político para a aplicação das recomendações da Comissão Técnica aos fogos de junho e prometeu que, no fim dos incêndios, o Governo assumirá totais responsabilidades na reconstrução do território e reparação de danos.
António Costa avisou que o país não compreenderia que, depois de ter havido consenso em torno da criação da Comissão Técnica Independente, as conclusões desta entidade "caíssem em saco roto" por ausência de consenso político. "Esperamos que as conclusões da Comissão Técnica Independente sejam terreno fértil para um consenso alargado em torno das medidas a tomar", afirmou.
O chefe do Governo prometeu abertura à existência de um mecanismo "ágil" para compensar as famílias das vítimas dos incêndios florestais e frisou que o seu executivo assumirá "todas as responsabilidades que tiver de assumir".
Questionado pelos jornalistas sobre o regime extrajudicial de compensação das vítimas de incêndios florestais, António Costa não detalhou a solução, alegando que receberá na quarta-feira, em São Bento, Lisboa, a Associação dos Familiares das Vítimas de Pedrógão Grande e que quer ouvir as suas propostas.
Temos consciência que o país nos exige resultados em contrarrelógio
O primeiro-ministro afirmou também saber que o país exige resultados em "contrarrelógio", prometendo que, depois deste ano, "nada ficará como antes" com reformas no modelo da Proteção Civil, abrangendo prevenção, combate, gestão de meios aéreos e comunicações.
"Quero ouvi-los sobre as propostas que têm para apresentar sobre o nosso sistema de prevenção e combate aos incêndios florestais, sobre a reforma da floresta e também no que respeita à existência de um mecanismo ágil no sentido de que o Estado assuma as responsabilidades que deva assumir. Não vou antecipar agora à conversa que terei no momento próprio com a comissão dos familiares das vítimas", disse o primeiro-ministro, em resposta a questões colocadas pelos jornalistas.
"Temos consciência que o país nos exige resultados em contrarrelógio após décadas de desordenamento florestal. Não podemos iludir os portugueses sobre a imediata produção de resultados, mas não receamos o desafio. Pelo contrário, encontramos nesta exigência nacional a motivação para vencer coletivamente a batalha", disse, em resposta aos jornalistas, no final de uma declaração ao país, na sequência dos incêndios que deflagraram este domingo.
Já esta madrugada, em declarações prestadas aos jornalistas no Comando Operacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil, em Carnaxide, Oeiras, António Costa tinha advertido que novos incêndios graves podem repetir-se e que o Governo não tem uma "varinha mágica" para resolver problemas de décadas na estrutura da floresta portuguesa.
Tal como também tinha dito na madrugada de hoje, o primeiro-ministro estendeu o âmbito da reforma que deverá ser desencadeada pelo Governo, não só ao nível da estrutura da floresta, mas, também, abrangendo todo o modelo da Proteção Civil, a gestão de meios aéreos e as comunicações.
"Juntando à reforma da floresta, iremos fazer a reforma do sistema de prevenção e combate aos incêndios. Vamos reformar o modelo de gestão dos meios aéreos, dos meios de comunicação e dar as respostas de que o país necessita para que nada fique como antes", declarou, numa alusão às áreas que poderão ser alvo de medidas por parte do seu executivo no Conselho de Ministros extraordinário que se irá realizar no sábado.