
REUTERS/Issam Abdallah
A vinda para Portugal de mulheres e crianças portuguesas presas nos campos de detenção de jiadistas na Síria estará a ser preparada pelo Governo português e pelos familiares.
Vinte menores, filhos de portugueses que lutaram ao serviço do autoproclamado Estado Islâmico, estão em três campos de detenção para jiadistas na Síria. O repatriamento para Portugal dessas crianças e de algumas mulheres que também se encontram detidas está a ser tratado pelo Governo, explica o jornal "Expresso", este sábado.
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"Estive esta semana no Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) e fiquei muito contente. Agora sei que o Governo português está a trabalhar, a fazer tudo por tudo", disse, ao mesmo jornal, Delfina Lopes, mãe de Vânia Cherif, de 25 anos, que se juntou à organização terrorista em 2015. A mulher está detida há mais de um ano.
Ao semanário, fonte do gabinete do MNE confirmou "a existência de contactos com familiares das pessoas em causa". O objetivo é, de acordo com a mesma fonte, "a defesa da segurança nacional e a proteção de concidadãos em situação vulnerável". São, pelo menos três mulheres e 20 crianças.
As autoridades portuguesas confirmaram a existência de pelo menos 20 crianças portuguesas ou lusodescendentes localizadas em três campos de detenção: em Roj, Ain Hissa e Al Hol.
Vânia Cheri e Catarina Almeida são duas das mulheres também detidas. Vânia, natural de Carrazeda de Ansiães, juntou-se ao califado há três canos com o marido franco-tunisino e um bebé de poucos meses.
Os dois tiveram mais uma menina e, quando o homem morreu em combate, a portuguesa fugiu, mas acabou por ser capturada e levada para um dos campos de detenção.
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Foi em Roj que conheceu Catarina Almeida, de 47 anos, emigrante em França e com família na Guarda, explica o "Expresso". Diz ter viajado para a Síria para tentar encontrar o filho Dylan. O rapaz morreu e a mãe foi detida quando fugia com o neto pela mão.
A Al Hol chegou Ângela Barreto, com dois filhos pequenos. Escapou de Baghouz. Filha de portugueses emigrados na Holanda, fugiu para a Síria quando conheceu Fábio Poças, aos 19 anos.
É num destes campos que estará a família de Nero Saraiva, o primeiro jiadista português a juntar-se ao autoproclamado Estado Islâmico.
Secretas concordam com regresso
Segundo o "Expresso", os serviços de informação estão de acordo com o regresso. "Estas crianças merecem ser objeto de um apoio especial em termos de reintegração", disse a secretária-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa, a embaixadora Mira Gomes.
O regresso, a acontecer, será feito com o apoio de organizações internacionais presentes nos centros de detenção.
