Valor médio da temperatura máxima foi de 27,1.º Celsius até dia 18 e é 1,6 graus inferior ao habitual.
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Quem está de férias já se queixou e quem se prepara para ir de descanso também não esconde a preocupação: julho está a ser um mês mais frio do que o habitual e, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), não há previsões de que vá melhorar, embora no interior do país o fim de semana vá trazer mais calor. A Autoridade Nacional de Proteção Civil aumentou para "muito elevado a máximo" o risco de incêndio no distrito de Faro e em alguns concelhos dos distritos de Castelo Branco, Portalegre, Santarém e Beja, com previsão de agravamento na segunda-feira, no interior Norte e Centro.
Até dia 18, os dados da temperatura máxima do ar mostram que julho está a ser o mais frio dos últimos 30 anos, com um desvio de -1,6ºC em relação à média. E em contraciclo com as elevadas temperaturas que se registam nos países do Norte da Europa: a 17 de julho, a Noruega e a Finlândia ultrapassaram os 30ºC; o Reino Unido e a Irlanda estão a viver períodos de seca e calor extremo; e a Suécia, a bater recordes de temperatura, está a braços com fogos florestais que já a obrigaram a pedir ajuda europeia [ler texto ao lado].
Em Portugal, contudo, o mês de julho está a ser mais ameno do que é costume. Dados enviados ao JN pelo IPMA mostram que, até 18 de julho, o valor médio da temperatura máxima do ar foi de 27,1ºC contra os 28,7ºC da média dos últimos 30 anos (1971-2000). Ou seja, as temperaturas estão em média 1,6ºC mais baixas. Considerando os valores da temperatura média, este mês registou 21,1ºC, enquanto nos últimos 30 anos a média foi de 22,2ºC.
A mais alta foi de 8ºC
O contraste é evidente com o que sucedeu nos últimos dois anos, em que houve sempre um desvio positivo das médias das temperaturas em julho: na primeira quinzena de 2016, as máximas estiveram 3,5ºC acima da média e, em 2017, esse desvio foi de 1,5ºC. A situação tem sido boa para os incêndios: este ano regista, até agora, o quarto valor mais reduzido em número de fogos e o segundo mais baixo em área ardida da última década.
Entre 1 e 5 deste mês, as máximas estiveram particularmente baixas, chegando a ter um desvio de -5ºC face à média (andaram abaixo dos 25ºC). Depois, entre 7 e 9 de julho, a temperatura aumentou em todo o território, chegando a atingir os 30,8ºC - a média mais alta em julho. Mas longe do que chegou a ser registado em junho, quando a região Norte e alguns locais do Centro atravessaram uma onda de calor, que chegou a atingir os 40,9ºC. E voltou depois a baixar a partir de 11 de julho para valores médios de -4ºC.
O valor médio da temperatura mínima também tem sido inferior ao normal, com um desvio de 0,5ºC, menor que o das temperaturas máximas. A média dos últimos 30 anos foi de 15,6ºC, até 18 de julho a média foi 15,1ºC.
Aviões vão vigiar fogos
Segundo Vanda Pires, do IPMA, a culpa desta situação é o deslocamento para oeste do anticiclone dos Açores, que está posicionado mais em cima do Atlântico e mais fraco. "Quando está sobre a Península Ibérica, não deixa as depressões chegarem à nossa latitude, serve de bloqueio", diz, o que faz com que este ano o tempo esteja mais húmido e com mais nebulosidade. No fim de semana, as temperaturas no interior vão subir, mas será "pontual".
Para travar o risco de incêndio, a Proteção Civil decidiu acionar, durante o fim de semana, dois aviões de avaliação e coordenação aérea que irão sobrevoar o país para vigilância.