Ex-ministro do PSD ilibado no caso dos "vistos gold" garante não ter vontade de regressar.
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"A política é um capítulo encerrado. Agora, quero recuperar a atividade profissional em pleno e estar mais tempo com a minha filha, única filha, que vive longe". Com o gosto pela política "entranhado" - palavras do amigo e companheiro Marques Mendes, ex-líder do PSD, este domingo, na SIC -, Miguel Macedo vai mais longe, perante a pergunta insistente. "O tempo da política acabou. Já lhe dei muito tempo, talvez tempo a mais".
A declaração, proferida no âmbito de um perfil para a revista "Notícias Magazine", a publicar no próximo domingo, chega poucos dias depois da absolvição em primeira instância de todos os crimes de que estava acusado no processo dos vistos gold: um de prevaricação, três de tráfico de influências. Macedo demitiu-se do cargo de ministro da Administração Interna do Governo PSD/CDS, em novembro de 2014, na sequência das imputações que lhe foram feitas pelo Ministério Público, considerando que a sua autoridade enquanto governante estava diminuída.
A sentença absolutória teve o condão de unir o PSD num elogio unânime ao ex-ministro que permaneceu em silêncio mediático nos últimos quatro anos, depois de ter renunciado ao cargo.
Elogios e a afirmação da vontade, por parte de várias figuras do partido, de um regresso de Macedo ao terreno político. Desde logo, Rui Rio que, no twitter, disse que sempre acreditou na sua inocência. Mas também Paula Teixeira da Cruz, ministra da Justiça no governo de Passos Coelho, que admitiu que gostava de o ver regressar às lides do PSD. O mesmo afirmou Teresa Morais. "Tratar-se-ia do regresso de um político inteligente, metódico e muito experiente", afirmou ao JN a antiga ministra da Cultura e da Igualdade.
Em ano de legislativas, o regresso de Macedo à política passaria necessariamente pelas listas de deputados, sendo certo que compete ao líder do partido escolher os cabeças de lista.
Apesar de o Ministério Público ter tornado pública a decisão de recorrer da sentença, Castro Almeida, vice-presidente de Rui Rio, em declarações proferidas depois da decisão ser conhecida, realçou as qualidades políticas e pessoais de Macedo. E considerou estarem reunidas todas as condições para o regresso de Miguel Macedo à política ativa, declarando que tudo dependeria da vontade do amigo. Miguel Macedo diz que não quer.