Produção de lixo não pára de crescer nas duas áreas metropolitanas. Aumento do poder económico é o principal fator, mas turismo também impulsiona esta tendência.
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A quantidade de lixo produzido nas áreas metropolitanas do Porto e de Lisboa no ano passado está perto dos valores que se verificavam antes da crise financeira. O crescimento do poder económico aliado ao turismo, que chega a estas duas áreas do país, têm feito crescer o volume de resíduos produzidos. Em 2018, alguns municípios chegaram mesmo a ultrapassar as toneladas produzidas há dez anos. E a tendência é de subida. Os dados são das quatro empresas que gerem o lixo dos principais concelhos das áreas metropolitanas.
Entre 2009 e 2012, os números indicavam uma trajetória descendente. Mas, mais do que uma preocupação ambiental, esses dados eram reflexo da diminuição do consumo. "Os baixos números eram o reflexo da crise", explicou ao JN a Lipor, Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto.
O mesmo argumenta a TratoLixo, que recebe resíduos de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra, e que, nos últimos anos, também tem vindo a receber cada vez mais resíduos. Segundo o relatório de contas de 2018, a empresa teve mais 25 442 toneladas (5,9%) do que em 2017. "Para estes resultados contribuiu a conjuntura socioeconómica favorável que o país atravessa", refere.
Para a Valorsul, que trata os resíduos de Amadora, Lisboa, Loures, Odivelas e Vila Franca de Xira, "a produção de resíduos não pode ser dissociada do bem-estar económico". Mas o turismo tem também um grande impacto. "Esta economia baseada no turismo que existe não facilita a atuação de estratégias para a redução na produção de resíduos".
Valongo no topo
No Grande Porto, Valongo foi o concelho que, em 2018, registou o maior aumento. Um crescimento de 17%, comparando 2018 com 2009, antes da crise. De acordo com a Autarquia, o aumento deve-se a fatores como a retoma do poder de compra, a criação de novos circuitos de recolha de lixo e o aumento de ecopontos e contentores na via pública.
Já´o Porto, o segundo concelho mais populoso da área metropolitana, mas o que mais gente tem durante o dia, continua a ser aquele que mais lixo produz. A Câmara considera que "o decréscimo mais acentuado, com máxima expressão entre 2011 e 2012, pode ser interpretado à luz da crise económica que assolou o país". Ainda assim, salvaguarda: "Estamos hoje com valores abaixo aos dos anos anteriores à crise".
Resíduos
Braga mantém-se abaixo dos números em anos de crise
Em Braga o cenário é um pouco diferente. Apesar de as toneladas de lixo produzidas nos últimos três anos terem vindo a aumentar, o concelho tem conseguido manter-se abaixo da quantidade produzida nos anos de crise (2012--2014). Ainda assim, os números mostram que a tendência é crescer, tal como em quase todo o país, segundo o último relatório anual da Agência Portuguesa do Ambiente.
