Produções de canábis situam-se maioritariamente a sul do país e destinam-se a fornecer o mercado europeu. Primeira fábrica da União Europeia é inaugurada dia 24 em Cantanhede e dá emprego a 200 pessoas.
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Já há quatro empresas em Portugal a proceder ao cultivo de canábis para fins medicinais. As produções situam-se, sobretudo, no Sul do país, tendo obtido a devida autorização por parte do Infarmed. A produção destina-se maioritariamente ao mercado europeu, sendo que Portugal vai ter também a primeira fábrica para o efeito na União Europeia, no Parque Tecnológico de Cantanhede, estando uma segunda prevista para o ano seguinte.
A RPK Biopharma, Lda, sediada em Sintra, foi a última a obter a autorização do Infarmed para poder produzir canábis para fins medicinais, tendo esta sido publicada em "Diário da República" a 26 de fevereiro. A Sabores Púrpura, Lda (sediada em Coimbra), a Terra Verde, Lda, de Setúbal, e a Tilray, empresa canadiana que vai abrir a fábrica em Cantanhede, são as outras entidades que já cultivam a planta, apurou o JN junto do Infarmed.
Encomendas de 28 países
A Sabores Púrpura, Lda foi a primeira a obter autorização. Apesar de estar sediada em Coimbra, tem duas plantações no Sul do país em Tavira. "Somos uma empresa agrícola que agora também se dedica à plantação de canábis", explica ao JN Sofia Ferreira, completando que já têm encomendas de 28 países. "Fazemos a transformação em óleos e, no futuro, vamos também dedicar-nos à produção de fármacos, faltando-nos aqui a autorização específica do Infarmed", completa.
A Tilray, empresa canadiana de produção de canábis, vai inaugurar a sua primeira fábrica em solo europeu, a 24 de abril, no Parque Tecnológico de Cantanhede. A unidade tem uma extensão de mais de 70 mil metros quadrados e implica um investimento de cerca de 20 milhões de euros, num projeto considerado estratégico para a empresa na Europa.
"O Campus da Tilray em Portugal é uma unidade de produção multifacetada que inclui locais de cultivo internos, externos e com efeito de estufa, bem como laboratórios de pesquisa, processamento, embalagem e locais de distribuição de canábis medicinal. Serve também como um centro de apoio aos esforços de pesquisa clínica e desenvolvimento de produtos da Tilray em toda a Europa", informa a empresa, que tem 10 vagas em aberto para as 200 pessoas que vai contratar.
Segundo o diretor-executivo da Tilray na Europa, Sascha Mielcarek, "a colheita em Portugal é um marco empolgante para a empresa, à medida que continuamos a construir a nossa cadeia de fornecimento multinacional de canábis medicinal de alta qualidade", afirmando-se "ansioso para utilizar a capacidade da Tilray Portugal para abastecer o mercado de canábis medicinal na Europa".
Para além da Tilray, a RPK Biopharma tem prevista a instalação de uma fábrica de produção de canábis para fins medicinais. A unidade será instalada em São João de Negrilhos, em Aljustrel, devendo começar a laboração em meados de 2020, num investimento na ordem dos 40 milhões de euros.
Medicamentos
Lei em vigor há dois meses, mas ainda não chegaram pedidos ao Infarmed
Apesar da lei da canábis medicinal ter entrado em vigor há dois meses, não foi ainda feito nenhum pedido para comercialização de medicamentos contendo esta planta. Para o fazer, as entidades terão de submeter ao Infarmed uma autorização de colocação no mercado, através de um formulário. Esclerose múltipla, náuseas e vómitos causados por quimioterapia, estimulação do apetite nos cuidados paliativos de doentes sujeitos a tratamentos oncológicos ou com sida, dor crónica associada a doenças oncológicas, síndrome de Gilles de La Tourette ou glaucoma são algumas das doenças que podem ser tratadas com base na planta.
Empresas
Sabores Púrpura, Lda
Com sede em Coimbra, obteve a primeira autorização por parte do Infarmed desde que a lei entrou em vigor. Tem duas produções na zona de Tavira.
Tilray
Gigante canadiano da produção de canábis está a plantar desde o início do ano. Abre a unidade de produção a 24 de abril em Cantanhede, criando cerca de 200 postos de trabalho.
Terra Verde, Lda
Com sede em Setúbal, fundada por um empresário israelita radicado em Portugal, teve autorização para plantar em 2014 e foi renovada com a nova lei.
RPK Biopharma
É a mais recente entidade a ser autorizada. É subsidiária do grupo internacional Holigen e planeia instalar uma fábrica em Aljustrel.