
Apesar de ter estranhado o robô, Adelaide Dias reconhece que a pode ajudar no dia a dia
Rui Manuel Ferreira/Global Imagens
Investigadores da UTAD estão a testar protótipos que auxiliam a população sénior a cumprir tarefas do dia-a-dia.
"Dona Adelaide, está na hora de tomar o seu medicamento". É assim que um pequeno robô avisa Adelaide Dias, 88 anos, para que cumpra a sua obrigação diária. Programado por investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), este "amigo interativo" é capaz de identificar a embalagem correta, colocar o medicamento num cesto e levá-lo até ao idoso, à hora estipulada.
Adelaide Dias vive no Lar do Centro Social e Paroquial de Santo António, em Vila Real, onde tem quem lhe dê os comprimidos que deve tomar, mas admitiu que "se vivesse sozinha ia ser muito útil". O protótipo que apoia o idoso na toma da medicação diária está a ser desenvolvido através de um projeto da UTAD, que pretende estudar a interação entre robôs e idosos em tarefas do dia a dia. "O robô possui uma base de dados com a informação da medicação prescrita e os respetivos horários de toma. Através da análise das imagens captadas pelas câmaras, o robô reconhece a embalagem da medicação e faz a identificação facial do idoso, através de algoritmos de visão por computador", esclareceu o investigador da UTAD, Vítor Filipe.
não substitui humanos
O início deste projeto da área da robótica social teve em conta "o crescimento exponencial da população idosa e a falta de mão de obra especializada para prestar cuidados a idosos". Os investigadores pretendem desenvolver soluções que permitam combater o isolamento e a solidão a que os idosos estão sujeitos. Nesse sentido, também estão a ser testados robôs de telepresença. "A grande vantagem é possibilitar que qualquer pessoa possa contactar com o idoso quando quiser. Basta ter um telemóvel com acesso à Internet e, através de uma aplicação, a pessoa consegue conduzir o robô até ao local onde está o idoso, vê-lo e falar com ele", explicou o também investigador da UTAD, Vítor Rodrigues.
Uma das primeiras utentes do lar a experimentar este robô para falar com uma familiar foi Clotilde Moreira, 74 anos. "Não estou habituada a estas modernices, mas gostei de falar e de vê-la do outro lado ao mesmo tempo", contou a idosa, que nem precisou de se levantar da cadeira. "Não precisei fazer nada. Ele (o robô) veio ter comigo".
Vítor Rodrigues ressalva que "a ideia não é substituir" os humanos, mas criar uma interação estimuladora e complementar. Acrescenta ainda que será recolhida informação para "perceber qual a aceitação destas novas tecnologias por parte dos idosos e familiares". Os investigadores admitem que ainda há um longo caminho a percorrer até que este tipo de tecnologias passe a fazer parte do dia a dia dos idosos. "Mas no futuro, espero que tenhamos robôs com múltiplas funções. Tanto pode ser para lembrar a medicação, como para comer fruta ou beber água, ou até para conversar", rematou Vítor Filipe.
Auxílio relevante
Os robôs "assistentes" não substituem o apoio social e familiar aos idosos, mas a sua presença e auxílio em tarefas do dia a dia tende a ser cada vez mais relevante.
Mais projetos
A UTAD está também a desenvolver sensores para ajudar os cuidadores informais a identificar situações como mudança de posição, risco de quedas ou temperatura corporal.
