Mais de 90 especialistas de emergência pré-hospitalar aguardam há meses estágios em veículos para concluir formação. INEM não se compromete com datas.
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Há mais de 90 técnicos de emergência pré-hospitalar (TEPH) do INEM que estão há vários meses à espera de ambulâncias para conseguirem concluir a sua formação e poderem atuar em cenários reais. Até existirem as denominadas "ambulâncias-escola", onde terão de ser acompanhados por médicos também especializados em emergência, ficam colocados a atender telefones nos centros de orientação de doentes urgentes (CODU) em vez de estarem a dar apoio pré-hospitalar.
Um ano após o início do processo formativo, que a legislação obriga a que seja de seis meses, o INEM não se compromete com nenhuma data para a conclusão deste curso.
Para este grupo de técnicos, o percurso tem sido marcado por vários percalços desde o concurso de admissão, que pretendia reforçar o quadro de 800 profissionais do INEM com profissionais com novas competências, entre as quais o controlo da dor e a administração de medicação.
Aberto em fevereiro de 2017, depois de muitas exigências dos representantes do setor para a entrada de novos TEPH, a seleção de 100 formandos - entre cerca de um milhar e meio de candidatos - foi até rápida, quando comparada com o facto de ter passado mais de um ano até ao arranque dos primeiros módulos formativos.
Ao primeiro lote de admitidos, de cerca de 40, o INEM ensinou logo como atender e a fazer a triagem dos telefonemas nas centrais de emergência do INEM, reencaminhadas do 112. O mesmo foi feito com o segundo grupo, que completou o penúltimo módulo há algumas semanas.
Curso não pode ser concluído
O JN apurou junto de alguns profissionais que, desde então, esta é a função que têm estado a fazer, começando a ser notório um certo descontentamento.
À falta da denominada "ambulância-escola", os TEPH não podem operar os vários tipos de ambulâncias e unidades, como as de emergência médica, suporte imediato de vida (SIV) ou até as intervenções psicológicas. Além disso, não podem concluir o curso de 910 horas, após o qual verão as suas competências reconhecidas.
Segundo Nélson Batista, dirigente da ANTEPH - Associação Nacional de Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, "estes novos elementos estão a ser vítimas de uma manobra dilatória, porque qualquer ambulância serve para realizar o estágio, assim haja médicos disponíveis". Notou ainda que, "sem a conclusão deste curso, nem estes técnicos concluem a sua formação, nem os que lá estão se requalificam" [ler ao lado].
Em dezembro, o INEM terá dado a garantia ao sindicato do setor que o curso seria concluído nas semanas seguintes. "Na altura, foi-nos dada como explicação a condicionante de recursos humanos para dar a formação [médicos] e a indisponibilidade de ambulâncias", disse Pedro Moreira, presidente do STEPH, estimando que estão em falta mais de 300 técnicos no organismo.
Ao JN, o INEM recusou avançar uma data para concluir esta formação. Mas disse que será brevemente, "logo que estejam reunidas as condições necessárias".
