
Jaime Ramos, médico e ex-autarca, lidera fundação
Fernando Fontes / Global Imagens
Meia dúzia de dirigentes, que não são profissionais de saúde, foram vacinados contra a covid-19.
A Fundação ADFP - Assistência, Desenvolvimento e Formação Profissional, que tem sede em Miranda do Corvo e estatuto de IPSS, deu vacinas contra a covid a, pelo menos, meia dúzia de dirigentes que não são profissionais de saúde. Dois deles são o filho e um sobrinho do presidente do respetivo conselho de administração, Jaime Ramos.
Rui Ramos, engenheiro civil, empresário e filho de Jaime Ramos, médico e antigo autarca do PSD, foi vacinado. A ADFP justificou-se dizendo que Rui Ramos é diretor-executivo da fundação e está "obrigado a trabalhar diariamente nos diversos serviços e valências, incluindo as residenciais".
Quanto à vacinação do advogado e ex-dirigente da JSD José Miguel Ferreira, sobrinho do presidente, a fundação alega que o mesmo está a dirigir, "em substituição da diretora com baixa médica há muitos meses", duas unidades de cuidados continuados. Nestas funções, acrescenta a ADFP em resposta escrita ao JN, tem "gabinete em contacto direto com os 66 doentes/residentes".
Em relação aos outros quatro dirigentes vacinados, a instituição não invocou qualquer atividade presencial dos mesmos nas diferentes unidades, mas o seu estado de saúde e idade. É o caso de José Reis dos Santos Palrinhas, "vice-presidente do conselho de administração, de 78 anos, com comorbilidades graves, incluído nos grupos prioritários para a vacinação", alega a ADFP.</p>
Quirino São Miguel, presidente do Conselho Geral da fundação, com 85 anos, é outro dos dirigentes vacinados já há algum tempo, apesar de a inoculação a maiores de 80 anos só ter começado ontem. A ADFP afirma que o dirigente também sofre de "comorbilidades graves" e tem "gabinete presencial na sede".
Os outros dois que tiveram direito a vacina são um vogal da administração, António Fernandes Simões, de 65 anos, e o secretário do conselho geral, José da Costa Ribeiro, de 67. Diz a ADFP que estes dois também padecem de "comorbilidades graves" e "foram chamados para levar a vacina devido a haver sobras", de "doentes e trabalhadores" que não puderam ser inoculados por "contraindicações".
A ADFP, que atua no distrito de Coimbra, informou ainda, sem dizer quantos foram vacinados, que tem "450 residentes em diversas valências e cerca de 800 colaboradores, incluindo voluntários".
