Jaime Marta Soares acusa o líder da Proteção Civil, Mourato Nunes, de "laivos de desvergonha e desfaçatez" por só mostrar disponibilidade a pagar aos bombeiros dívidas de 2018, relativas ao combate a fogos, no final deste mês.
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O presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), Jaime Marta Soares, condenou, esta terça-feira, o presidente da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), Mourato Nunes, pelo atraso no pagamento de milhões de euros às corporações, relativos aos combate a fogos de 2018 e 2019.
Numa carta enviada ao presidente da Proteção Civil, a que o JN teve acesso, Marta Soares diz que os bombeiros consideram "que é preciso muita desfaçatez para que a ANEPC venha dizer que não há verba disponível para lhes retribuírem o pagamento a que têm direito, desculpando-se que só podem pagar no final de outubro, quando a disponibilidade destes foi total e sem reservas".
Segundo a LBP, esta atitude provoca uma "desconfiança" em relação à Proteção Civil, que "se avoluma" e "atinge laivos de desvergonha e desfaçatez".
Esta missiva de Marta Soares surge mais de cinco dias depois de a LBP ter dado 24 horas à ANEPC para saldar a dívida, alertando que a falta de pagamento punha em causa o socorro às populações.
Estes "valores correspondem a vários tipos de despesa, desde subsídios para o combustível até reparações de viaturas", adiantou, ao JN, Marta Soares, na última quinta-feira.
Em julho, o JN noticiou que a ANEPC devia meio milhão de euros às corporações, correspondentes a oito meses de intervenção dos bombeiros que integram o dispositivo especial de combate aos incêndios rurais (DECIR), desde outubro de 2018.
Na altura, a Proteção Civil garantiu, ao JN, que ia avançar com o pagamento de 306 mil euros e analisar despesas de 200 mil euros, apresentadas pelas associações.
Marta Soares disse, na quinta-feira, que "esse pagamento foi feito a conta-gotas". "Há uma semana, recebi uma resposta da ANEPC a dizer que o montante estava cativado pelo Ministério das Finanças".