A região Norte continua sob forte pressão, tanto em novas infeções como em ocupação de camas no Serviço Nacional de Saúde.
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Os dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) pintam a vermelho a região no contexto europeu, sendo a 33.ª com a mais alta incidência de novos casos nos últimos 14 dias por cem mil habitantes. E apesar de o R (indicador que nos diz o número de casos secundários resultantes de um infetado) estar muito lentamente a descer, o certo é que, no Norte, está há 107 dias acima de 1,0.
O mapa do ECDC mostra-nos, então, que em toda a Península Ibérica apenas o Norte está acima dos 960 casos por cem mil habitantes. Alargando a análise, Reino Unido incluído, na passada semana (terminada a 8), era a 33.ª região, de uma listagem de 410 com a mais alta incidência. Com regiões belgas e checas a disputarem os lugares cimeiros.
Na semana em análise, a incidência de novos casos fixou-se nos 967,9 por cem mil habitantes, o que representa um crescimento de 32% face à que a precedeu. Na semana terminada a 1 de novembro, o Norte ocupava o 57.º lugar. Sendo que, ontem, a ministra da Saúde revelou que aquele indicador estava agora nos 1126. Em alta, mas com um crescimentos mais moderado (+16%) do que nos dias anteriores. Refira-se que, na passada semana, a média nacional estava nos 636,3 novos casos, com 7,2 óbitos por cem mil habitantes.
Olhos postos no R
Estatísticas dadas a conhecer no dia que o Norte ultrapassou a barreira dos cem mil casos acumulados, respondendo por metade do total nacional. E em que superou as 4000 novas infeções (61% do total). Não sendo, assim, de estranhar que o mapa de risco elevado, anteontem atualizado para um total de 191 concelhos, ganhe mais cor a Norte do país.
E numa altura em que tudo parece ascendente, os olhos estão agora postos no famigerado R, o indicador que nos revela o número médio de casos secundários que resultam de um caso infetado. Constatando-se uma tímida descida diária. "Depois de ter parado nos 1,15, está desde dia 11 a descer", revela ao JN o epidemiologista Manuel Carmo Gomes. Uma "boa notícia", diz, mas a ler "com muita prudência", como sublinhou Marta Temido.
Mesmo descendo muito discretamente, o certo é que no Norte, conforme divulgou na sexta-feira o Instituto Ricardo Jorge, está acima de 1 "nos últimos 107 dias, com uma média de 2882 novas infeções por dia".
De acordo com aquela mais recente análise epidémica, na semana terminada a 8 de novembro, o R nacional estava nos 1,11 (média a cinco dias), depois de, na semana terminada a 1 deste mês, ter-se fixado nos 1,14. Descida que também se fez sentir no Norte: passou dos 1,20 para os 1,18. Ou seja, naquela região, uma pessoa infetada gerou, em média, 1,18 casos secundários.
E temos por objetivo chegar ao 1? Não. Porque enquanto o R estiver no 1, os casos estarão sempre a aumentar. "Temos que o forçar a descer, não podemos aliviar as medidas", avisa Manuel Carmo Gomes. Apelo reforçado ontem pelo primeiro-ministro, que pediu aos portugueses que cumpram as regras. Caso contrário, se o R não baixar, "vamos ficar num planalto". E com o atual número de novas infeções, não há SNS que aguente.
Há 18 dias sem dados por concelhos
Os últimos dados concelhios foram conhecidos a 26 de outubro. Até essa altura, a DGS revelava semanalmente apenas os números acumulados, não harmonizados. Prometidos pelo Governo, os dados continuam por revelar.