O Ministério da Administração Interna reuniu-se, esta manhã quarta-feira, pela primeira vez, com 30 peritos convidados de várias universidades para analisar o que correu mal nos maiores incêndios de 2022. Os especialistas vão avaliar as fitas de tempo dos incêndios que duraram mais de 90 minutos a ser combatidos e propor medidas no sentido de melhorar a eficácia do trabalho dos bombeiros.
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Noventa minutos é o tempo em que um incêndio deve ser dominado para não fugir ao ataque inicial e não sair do controlo dos meios no terreno. Os especialistas vão ter disponíveis também as imagens de alta resolução por satélites da Agência Espacial Portuguesa, avançou a ministra do Ensino Superior, Elvira Fortunato.
À saída da reunião, o Ministro da Administração Interna referiu que o trabalho dos peritos será concluído até novembro e, apesar de não adivinhar qualquer medida que possa vir a ser proposta, apontou o combate aos incêndios como "uma face do problema". "O ordenamento do território e da floresta é uma solução para que quando deflagrar um incêndio pouco haja a fazer pelos meios de combate", referiu José Luís Carneiro.
O governante apontou as alterações climáticas como um grande catalisador dos incêndios. "A grave seca, os ventos fortes e a fraca humidade relativa do solo, fatores agravados pelas alterações climáticas, levam a que os incêndios ganhem uma grande complexidade", afirmou o governante, que alertou ainda que o período de incêndios ainda não terminou em Portugal.
Elvira Fortunato participou na reunião e valorizou o conhecimento dos cientistas na contribuição para a resolução de problemas. "Há muito para fazer no domínio do conhecimento e para isso contamos com os peritos de várias áreas para abordar este problema complexo", indicou.
As conclusões dos peritos serão partilhadas por todas as entidades do Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais, sob a coordenação da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais.
O último relatório do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) avança que o ano de 2022 apresenta, até ao dia 31 de agosto, o sexto valor mais elevado em número de incêndios e o quarto valor mais elevado de área ardida desde 2012.
Segundo o ICNF, entre 1 de janeiro e 31 de agosto, ocorreram 9.701 incêndios rurais que resultaram em 106.639 hectares (há) de área ardida, entre povoamentos (54.328 ha), matos (42.367 ha) e agricultura (9.944 ha). Os dados mostram que os anos com mais área ardida na última década, até 31 de agosto, foram 2017 (236.485 hectares), 2013 (130.393) e 2016 (128.515).