
Artur Machado / Global Imagens
Empresa portuguesa criou um modelo de risco preditivo que permite perceber como se comporta a pandemia por região. Investigadores acreditam que ferramenta pode ajudar na tomada de decisões.
Uma empresa portuguesa desenvolveu uma ferramenta digital que permite fazer uma previsão até 15 dias da dispersão e evolução da covid-19 nas diferentes regiões de Portugal continental. Trata-se da EU4COVID, uma plataforma da autoria da Winning Scientific Management, que possibilita ainda obter uma comparação da situação epidemiológica entre territórios a nível nacional. Disponível no site "eu4covid.pt", a ferramenta é gratuita e tem como objetivo ajudar na implementação de "medidas mitigadoras que permitam a redução ou controlo da dispersão pandémica" ou a tomar decisões mais simples como a escolha do local para ir de férias.
Os dados disponíveis no site, a partir dos quais são feitas as previsões, são atualizados diariamente com base nas informações divulgadas pela Direção-Geral de Saúde e os investigadores garantem um grau de precisão de 98% nas estimativas apresentadas. Para já, as regiões autónomas dos Açores e da Madeira estão fora do âmbito do projeto. No entanto, a ferramenta pode ser reajustada de forma a incluir esses dados. Adapta-se ainda a qualquer região do mundo. Aliás, a ferramenta é inspirada num "modelo antigo de previsão e de impacto de fogos florestais", desenvolvido nos anos 90 na Austrália.
"Este é um modelo de risco preditivo de apoio à decisão que explica até 15 dias o que pode acontecer. Funciona por análise de vagas [durante a pandemia]. Se não houvesse nenhuma vaga até ao momento, não era possível fazer um modelo preditivo matematicamente. A partir do momento em que há uma primeira, segunda e terceira vagas, fazemos uma comparação com dados históricos e arranjamos modelos que façam uma previsão do que vai ser o futuro", explicou ao JN Jorge Correia, sócio da Winning Scientific Management.
A ideia de criar a ferramenta e estudar cientificamente a dispersão da pandemia surgiu em novembro, sendo que o projeto arrancou um mês depois e teve financiamento do Portugal 2020. No total, foram investidos cerca de 70 mil euros.
"No ano passado, quando começou a haver uma diferença grande na propagação do vírus entre o Norte e o Sul, surgiu-nos a ideia de fazer uma análise científica para perceber como é que podíamos explicar a disseminação da pandemia. Pensámos em olhar para dados oficiais, fazer um modelo preditivo do que vai acontecer numa série de fatores e criar um modelo de risco para o que possa acontecer", referiu Jorge Correia, detalhando que a disparidade dos casos entre regiões pode ter várias explicações. Entre elas a demografia e a distância de cada região face a locais com maior movimento (estações de comboio e aeroportos, por exemplo).
