O Parlamento Europeu chumbou uma proposta de resolução para aumentar as operações de busca e salvamento de pessoas no Mediterrâneo. Dois dos 290 votos contra pertenceram a eurodeputados portugueses: Nuno Melo, eleito pelo CDS-PP, e Álvaro Amaro, do PSD.
Corpo do artigo
A polémica estalou nas redes sociais a propósito dos votos dos dois eurodeputados portugueses que se pronunciaram contra uma proposta de resolução que determinava a criação de mecanismos europeus para proteger as vidas humanas que se aventuram no mar Mediterrâneo. A proposta teve 288 votos a favor, entre os quais quatro eurodeputados eleitos pelo PSD, Paulo Rangel, Maria da Graça Carvalho, Lídia Pereira e Cláudia Monteiro de Aguiar. Houve 36 abstenções, como a de José Manuel Fernandes (PSD).
Num artigo de opinião, a eurodeputada do Bloco de Esquerda, Marisa Matias, sem mencionar os que votaram contra, acusava os partidos da "direita democrática parlamentar" de se terem aliado à extrema-direita para recusarem o apoio às missões de busca e salvamento e mostrava a sua desilusão.
Marisa Matias contou ao JN que a proposta original partiu da Comissão das Liberdade Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos (LIBE), cuja negociação já tinha sido "muito difícil". Também as emendas acrescentadas ao texto final foram aprovadas por maiorias muito reduzidas. Maiorias essas que acabaram por não se traduzir no voto final.
Nuno Melo justificou ao JN o voto contra com o facto de, no mesmo dia da votação, a 24 de outubro, o Parlamento Europeu ter igualmente chumbado uma proposta do grupo do Partido Popular Europeu (PPE), onde se inserem o PSD e o CDS-PP, na qual se fazia a distinção entre migrantes económicos e refugiados. O eurodeputado centrista remeteu o resto da explicação para as declarações que publicou esta terça-feira na sua página da rede social Facebook.
Na sua declaração de voto, o eurodeputado Álvaro Amaro, do PSD, adiantou que a "resolução não teve em conta" a posição do seu grupo político (PPE). "Entendi, assim, seguir a linha de voto indicada pelo PPE e votar contra. Aguardo agora que os diversos grupos políticos voltem à negociação, para redigir uma nova resolução que possa expressar a pluralidade de opiniões existente neste Parlamento", acrescentou.
Mas para Marisa Matias, a proposta do PPE "ficava muito aquém das necessidades". Não tendo sido a única apresentada. "Não é por acaso que quatro deputados (portugueses do PPE) votaram a favor da proposta", prosseguiu acrescentando que a proposta "mesmo indo muito além daquilo que defendem como necessário, perceberam que alguma coisa tem de ser feita.
José Manuel Fernandes, também através da declaração de voto, fez saber que se absteve por considerar que a proposta falhava "na promoção do equilíbrio necessário para tornar as fronteiras da União num lugar mais seguro e humano", favorecendo a criação de negócios privados à conta do drama dos migrantes. Além disso, frisou, "só uma distinção clara entre migrantes económicos e refugiados permite assegurar o respeito pelo princípio da legalidade no âmbito da proteção humanitária".
Maria da Graça Carvalho também chegou a ser apontada como uma das eurodeputadas que tinham votado contra, mas a própria explicou no Facebook que se tinha enganado e corrigido, ainda durante a sessão, o sentido do seu voto.
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10214470075617935