Os alarmes dispararam há quase um ano e continuam a tocar por causa dos riscos do ensino à distância. Em setembro, menos alunos regressaram às escolas e, durante o ano 2020, as escolas sinalizaram quase dois mil alunos (1900) em risco de abandono às comissões de proteção de crianças e jovens (CPCJ) - mais 200 do que em 2019, revelaram ao JN os ministérios da Educação e da Segurança Social.
Num questionário feito pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) sobre o impacto da pandemia no ensino, os diretores responderam que entre março e junho não conseguiram contactar 2% dos alunos para que participassem nas atividades online; entre os professores com função de coordenação, foram 7% dos alunos.
"Há escolas onde estes casos chegam aos 10% e noutras são zero", revela ao JN a presidente do CNE. Maria Emília Brederode Santos também alerta para a "perda" de alunos e, por isso, defende que, mais do que recuperar matéria, a prioridade deve ser "reconquistar os alunos" que se afastaram. "O ensino à distância propicia o abandono, aumenta a desmotivação dos alunos e já vamos com dois períodos neste regime", alerta o presidente da Associação de Diretores (ANDAEP). A falta de computadores ou de acesso à Internet não justifica todas as ausências, frisa Filinto Lima. "Há alunos com material que não se ligam. É mais grave e preocupante. Estão totalmente desinteressados", insiste.