O presidente do Chega, André Ventura, ameaça suspender os militantes que façam críticas que afetem "a imagem pública do partido e dos seus representantes". As transgressões serão "severamente sancionadas".
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A imposição da "lei da rolha" foi tornada pública após a divulgação de um documento interno nas redes sociais, e cuja veracidade o JN confirmou junto de fonte oficial do Chega. A norma é assinada por Ricardo Regalla Dias Pinto, diretor de relações públicas do partido.
No texto pode ler-se que, "por decisão do presidente do partido", foi assinada a Diretiva 3/2020. Esta "proíbe todas as referências públicas - na imprensa, em redes sociais ou grupos alargados de conversação - a outros militantes ou dirigentes, com consequências objetivamente negativas para a imagem pública do partido e dos seus representantes".
Desta forma, ainda segundo o documento, a partir da meia-noite do dia 2 de dezembro são "imediatamente sancionadas todas as publicações de militantes que se destinem a continuar este permanente clima de guerrilha interna, que favorece os que querem perpetuar a confusão interna e destruir o Chega".
Ventura: "É preciso respeitar o bom nome do partido"
Numa declaração escrita enviada ao JN, André Ventura considerou que a proibição se justifica porque "é preciso garantir que os militantes e os dirigentes respeitam o nome do partido e o bom nome e a integridade dos outros militantes".
"Temos de estar focados nos nossos adversários e não em travar guerrilhas internas", acrescentou o deputado único do partido.
A diretiva prevê que "a referência ofensiva a membros ou dirigentes do partido, seja em que contexto for", implica a "imediata suspensão" do militante transgressor "de todos os cargos e funções, bem como da militância, pelo período mínimo de 30 dias".
Esta punição será aplicada mesmo que o membro em causa atue em "defesa pessoal ou de terceiros". O partido quer que as críticas sejam feitas somente "nos órgãos próprios".
Recorde-se que no congresso do Chega, realizado em setembro, em Évora, Ventura só conseguiu eleger a sua direção à terceira tentativa. Esta necessitava de uma maioria de dois terços para ser aprovada.
Em abril, "farto" e "cansado" dos ataques internos, tinha-se demitido da presidência do Chega, sendo reeleito, em setembro, com 99% dos votos.