Mudou a fórmula de cálculo da atualização das pensões, mas afinal António Costa é mãos largas: o salário mínimo sobe no próximo ano. E para que as mesmas mãos não tirem o que deram, mais de um milhão de trabalhadores estará livre de fazer retenção na fonte. E mais: a partir de amanhã começa a ser pago o prometido apoio de 125 euros. Afinal, estamos todos ricos.
Corpo do artigo
Como diria o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa: "Vitória. Conseguimos. Vencemos". Ou talvez não. O Governo vai atualizar as tabelas de retenção na fonte do IRS, o que significa que trabalhadores e pensionistas que virem o seu salário mínimo subir até aos 760 euros no próximo ano, ficarão isentos de IRS. Mas depois também não terão direito a qualquer reembolso em 2024, no momento da liquidação do imposto. Nada temam: amanhã, 500 mil pessoas vão receber o apoio de 125 euros. Afinal, estamos todos ricos.
Não conseguem pagar a renda? Os combustíveis não param de subir? O frigorífico está vazio? "Ora essa, tomem lá 125 euros. Depois não digam que não somos vossos amigos". Há 451 escolas em mau estado? "Nós resolvemos", diz o Executivo de António Costa. Parece que, feitas as contas, não será bem assim. O Governo só quer pagar oito euros por metro quadrado e só avança com o cheque depois de ter recebido uma tripla validação: a degradação do edificado tem de ser atestada pelo município, pelas comissões de coordenação e desenvolvimento regional (CCDR) e pelo Ministério da Educação. O resto dos contornos, pode lê-los aqui, no trabalho dos jornalistas Carla Sofia Luz e João Vasconcelos e Sousa, e que fez hoje a manchete do JN.
Afinal, estamos todos ricos. No Porto, o shopping La Vie, na Rua de Fernandes Tomás, está à venda. A Caixa Geral de Depósitos diz que está "a receber propostas de interessados" pelo centro comercial que custou 65 milhões de euros a construir. Grande parte dos espaços fechou e há lojistas que, com indicação para ficarem só até dezembro, anunciam "liquidação total de stock". Pode ler a notícia, escrita pelo jornalista Miguel Amorim, aqui.
Mas sobre as escolas ainda há mais. Por falta de ingredientes e insuficiente formação dos profissionais de cozinha, foram servidos almoços aos alunos do concelho de Paredes, na semana passada, com couve-flor, cenoura e muita batata-palha.
Afinal não, não estamos todos ricos. Dizem que a culpa é da guerra na Ucrânia e o conflito não está perto de terminar. A partir da meia-noite, entra em vigor a lei marcial nas regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporíjia. Para os ucranianos, é uma tentativa de assustar o povo. Até porque a decisão de Putin surgiu poucas horas depois de terem sido registados avanços das tropas ucranianas na região de Kherson.
Não estamos todos ricos. Mas continuamos informados. Em jn.pt.