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O super-mega-altar-palco da Jornada Mundial da Juventude que esteve no centro de uma super-mega-alta-polémica por conta dos gastos envolvidos (ou investidos, como sublinharam quase todas as partes implicadas no processo) vai passar a custar 2,9 milhões de euros, em vez dos 4,2 milhões até agora previstos. A infraestrutura que receberá o Papa Francisco no Parque Tejo em agosto, e que até há bem pouco tempo exigia especificidades xpto para servir o efeito, vai reduzir tanto em área ocupada, de cinco mil metros quadrados para 3250, como em altura, abatendo de nove para quatro metros. E em vez das duas mil pessoas inicialmente previstas, o palco terá agora capacidade para acolher 1240 (pode ver aqui as imagens da nova maquete).
Contas feitas, é um corte de 1,7 milhões de euros no erário público, disse hoje o presidente da Câmara de Lisboa, garantindo que será feito um novo contrato com a Mota-Engil e que a mudança não vai comportar qualquer indemnização ou compensação à empresa (que - curiosidade - no mês passado nomeou Paulo Portas para o conselho de administração). Do valor fica de fora o acréscimo do IVA e os 1,06 milhões em ensaios e fundações que garantam a segurança do palco.
Entretanto, a propósito de investimentos milionários com retornos milionários que não retornam para o bolso de grande parte dos contribuintes, o Parlamento rejeitou hoje projetos de lei do Bloco de Esquerda, Livre e PAN que visavam diminuir desigualdades salariais. No debate, o bloquista José Soeiro criticou a disparidade entre trabalhadores e administrações em várias empresas do país e alertou para o que considera ser um "regime de castas no mundo produtivo". Pelo Livre, Rui Tavares considerou urgente estabelecer "um rácio máximo de desigualdade salarial entre os salários mínimos e máximos dentro das empresas e organizações públicas e nas empresas em que o Estado tenha participações de capital em particular". O PS acolheu as preocupações, mas não o suficiente para votar a favor. E a Direita acusou a Esquerda de gostar de um "país, pobre, de mão estendida e de subsidiodependentes" que quer castrar a riqueza das empresas. Leia aqui.
Bactéria fatal e ADN no caso Dani Alves
O JN noticiou esta sexta-feira que a bactéria que deixou a Europa em alerta matou uma criança em Portugal. Uma menina de sete anos morreu, no final de janeiro, em Lisboa, vítima de uma infeção provocada pela bactéria Streptococcus A. Este foi o primeiro caso fatal em Portugal desde o início do inverno, mas todos os anos há mortes de crianças e adultos associadas a esta bactéria. A Direção-Geral da Saúde garante que o risco continua baixo e que o país não assistiu ao aumento de casos reportados noutros países europeus, nomeadamente no Reino Unido, que registou um aumento do número de mortes de crianças. A jornalista Inês Schreck escreveu sobre o caso.
No campo da Justiça, o Tribunal de Bragança absolveu hoje um antigo bombeiro de Alfândega da Fé dos 18 crimes de incêndio florestal de que estava acusado. Safado pela lei dos metadados, o arguido - acusado de atear fogos para poder brilhar no combate às chamas e subir na hierarquia - foi colocado nos locais e às horas em que os incêndios deflagraram pelos dados das antenas da operadora do telemóvel, mas "o tribunal não pode usar essa prova" e, como "não é justiceiro", absolveu o homem "in dúbio". Ou seja, como há dúvida, decide-se pela absolvição, como explica a jornalista Glória Lopes.
Sabem onde não há dúvida? No ADN. Que o diga a defesa de Dani Alves, que hoje saiu beliscada pelos novos desenvolvimentos do caso que envolve o ex-jogador do Barcelona, em prisão preventiva desde janeiro por suspeita de ter violado uma jovem de 23 anos na madrugada de 31 de dezembro, na casa de banho de uma discoteca na capital catalã. A análise às amostras biológicas recolhidas no dia em que a vítima deu entrada no hospital, na sequência da alegada agressão, confirmou que o jogador brasileiro mentiu naquela que foi a sua terceira versão dos factos, assinalada pela juíza que o prendeu.
O futebolista começou por dizer que nunca conhecera a jovem e que apenas se cruzara com esta à entrada da casa de banho; depois, a tese de total alheamento caiu, mas rejeitou em tribunal que tivesse mantido qualquer encontro sexual; e, por fim, acabou a defender que a jovem lhe teria feito sexo oral, mas negando que tivesse ocorrido penetração. Aconteceu que, avançou hoje o "El Periódico", as autoridades forenses detetaram sémen do jogador na cavidade vaginal da vítima (além de o terem encontrado também no chão da casa de banho e na roupa da jovem), contrariando todas as três versões apresentadas na tentativa de contrariar a acusação. Leia mais aqui.