Jorge Jesus foi, por fim, apresentado como novo treinador do Benfica e o que já era uma suspeita mais ou menos consensual, ficou ainda mais claro: Luís Filipe Vieira não quis, simplesmente, um treinador. Ainda por cima, no atual contexto, dias depois de ver o maior rival consolidar o domínio interno. O presidente benfiquista queria (precisava?) mais do que isso: queria um garante, alguém que, no mínimo, seja capaz de ser um ponto de viragem, pelo menos no entusiasmo.
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Se Jorge Jesus será o salvador, ainda está para ver, mas que vem com essa aura é inegável - até a apresentação, cheia de pompa e circunstância, o diz. Por enquanto, contudo, o efeito é uma espécie de Victan, um calmante capaz de controlar a ansiedade, o desencanto, o desalento e até alguma revolta em torno da equipa benfiquista, depois de uma temporada em que deixou escapar os dois grandes troféus do futebol português de maneira quase inadmissível: no campeonato, chegou a ter sete pontos de vantagem; e na final da Taça, jogou mais de uma parte em superioridade numérica.
E há algo inegável em Jesus, tal como num medicamento: é a capacidade de fazer acreditar que sim, que o futuro será melhor. Nem que seja por efeito Placebo. Mais do que isso, tem a capacidade de passar uma mensagem forte, quer pela linguagem verbal quer pela linguagem corporal. O "vamos jogar o triplo" ou o "vamos arrasar" foram ditos com tanta convicção que o estranho será alguém não acreditar que isso vai mesmo acontecer. Até porque, jogar menos do que isso também é um bocado difícil.
Enquanto no Seixal se junta os cacos e se acredita num futuro mais risonho, no Olival homenageia-se Sérgio Conceição e a mudança de ciclo no Benfica parece passar um bocado ao lado. Mas, de certeza, que o treinador portista já está a pensar a próxima época e a perspetivar um 2020/21 mais intenso, mais competitivo, mais dividido e mais exigente. Dentro do campo, e ainda nas conferências de imprensa, no bate-boca ou nos confrontos comunicacionais. Jorge Jesus não é Rui Vitória, nem Bruno Lage, nem José Veríssimo. Ah! E os árbitros que se cuidem: Sérgio Conceição também terá concorrência apertada nesse capítulo.