Em "The Matrix Ressurrections" (2021), o último filme da saga em que a (im)possibilidade de escolha dá o mote, há a determinada altura uma personagem que alerta outra que, por mais indecisa que se possa sentir, a "escolha é uma ilusão" e "já sabe o que tem de fazer". Se a opção é certa ou errada, só se saberá no fim... ou, se o palco for Portugal ou a Europa, depois de se fazer um estudo ou analisar uma lei, seja na saúde, nos tribunais ou no Mediterrâneo.
Corpo do artigo
Em Braga, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, atirou para "daqui a alguns meses" a decisão sobre o eventual fecho de maternidades, garantindo que, a acontecer, tal terá "toda a sustentação técnica".
Já em Lisboa, a ministra da Ciência, Elvira Fortunato, garantiu que não interveio na atribuição de financiamento público a um projeto científico do marido, em mais um caso de uma aparente incompatibilidade por parte de membros do Governo. A resposta para se existem ou não reside na lei, último reduto dos comportamentos censuráveis.
Que o diga, num plano bastante distinto, um professor de Educação Moral e Religião Católica que foi acusado pelo Ministério Público de ter abusado sexualmente de 15 alunas, numa escola secundária de Famalicão. O caso remonta a 2014 e o arguido, de 53 anos, é suspeito de 95 crimes contra as adolescentes.
E se nos crimes sexuais não há lugar para dúvidas quanto aos danos que provocam na vítima, bem mais complexo é perceber se, para uma bebé de dez meses, é mais prejudicial passar três noites sem ser amamentada pela mãe ou nunca pernoitar em casa do pai. Num caso recente, o Tribunal de Família e Menores de Cascais decidiu que estar com o pai é mais importante, num despacho noticiado esta sexta-feira pelo JN.
A decisão baseou-se na lei... e não só. Afinal, como explana no programa em vídeo "Alegações Finais" um especialista em Direito Penal, as escolhas dos juízes são bem mais complexas do que, à primeira vista, aparentam.
Já do Mediterrâneo, chega o reconhecimento da Agência Europeia de Fronteiras e Guarda Costeira (Frontex) que, em 2020, fez a escolha errada e cometeu ilegalidades ao impor o regresso de migrantes da Grécia para a Turquia.
Mais a norte, numa opção que poderá ou não vir a ser sua, a primeira-ministra britânica, Liz Truss, está a ser pressionada para se demitir na sequência de uma chuva de críticas ao seu "mini-orçamento". Para já, caiu o ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng.
Do Reino Unido, chega ainda a notícia da morte, aos 72 anos, de Robbie Coltrane, o ator que, entre outros papéis, interpretou a personagem Hagrid, que mostra ao jovem Harry Potter que, por muito que pense o contrário, já sabe que não tem realmente escolha a não ser abraçar o mundo da feitiçaria.
Boas leituras!