O MidCat já era. O ceticismo francês impôs-se e o projeto de gasoduto que atravessava os Pirenéus foi abandonado e substituído por outro mais a sul, que vai de Portugal a Barcelona e, daqui, segue por mar até Marselha. O anúncio do novo <a href="https://www.jn.pt/mundo/corredor-de-energia-verde-vai-ligar-barcelona-a-marselha-por-mar-15271774.html" target="_blank">"corredor de energia verde"</a> foi feito, esta quinta-feira, no final de uma reunião dos primeiros-ministros português e espanhol, António Costa e Pedro Sánchez, com o presidente francês, Emmanuel Macron, e antes do início de uma reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas.
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O acordo entre os governos de Portugal, Espanha e França sobre a ligação da Península Ibérica ao mercado energético europeu deixou António Costa "muito satisfeito" e pode de facto ser uma grande notícia para Portugal, que tem em desenvolvimento projetos de "hidrogénio verde" (em 2021, Costa, o otimista, disse: "Sines pode ser um campeão da produção de hidrogénio verde em toda a Europa"). Quem acompanhou, ao longo de décadas, sucessivos anúncios de projetos para o TGV ou de um novo aeroporto para Lisboa pode não conseguir evitar uma certa reserva, mas talvez o envolvimento de outros parceiros europeus e a crise energética global aqui permitam, apesar de tudo, algum otimismo.
De Inglaterra, veio hoje a notícia de que a primeira-ministra Liz Truss, que substituiu Boris Johnson sem que o país tivesse eleições antecipadas, se demitiu ao fim de 44 dias de governação. A crise política gerou uma catadupa de reações internacionais. Na da diplomacia russa, pressentiu-se o gozo; na do presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, viu-se preocupação pelos efeitos nos mercados financeiros.
Em Portugal, também se confirmou que o que nasce torto tarde ou nunca se endireita. O SIRESP, sistema de comunicações de emergência do Estado, anda desde o seu início envolvido em sucessivas trapalhadas e motivou a realização, nesta quinta-feira, de uma série de buscas da Polícia Judiciária, visando a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, quatro empresas e três residências privadas. Investigam-se suspeitas de corrupção e crimes conexos, por "eventuais favorecimentos de indivíduos e/ou entidades particulares, em detrimento do interesse público, através de adjudicação de contratos relacionados com o SIRESP", informou o Ministério Público.