A urgência dos desalojados: Marcelo, Governo e autarcas desafiados a agir
O drama de quem vive na rua marcou esta segunda-feira o discurso político. Carlos Moedas pediu audiências a Belém e ao primeiro-ministro para resolverem o problema em Lisboa, Moreira recusou priorizar despejos na habitação social no Porto e Marcelo quer uma resposta aos sem-abrigo articulada entre Governo e autarquias.
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Nesta ronda de desafios, o presidente da Câmara de Lisboa contou aos jornalistas, à margem da apresentação de 25 novos elementos da Polícia Municipal, ter enviado duas cartas, a Marcelo Rebelo de Sousa e a Luís Montenegro, por considerar que o "esforço para resolver o problema não pode ser só dos autarcas". Lisboa é a cidade mais afetada pelo fenómeno e conta atualmente com cerca de três mil pessoas em situação de sem-abrigo, sendo que 300 estão efetivamente a viver na rua.
Segundo a agenda do primeiro-ministro, Luís Montenegro recebe precisamente esta terça-feira, pelas 10 horas, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa na residência oficial e o tema será certamente abordado. Esta flagelo promete marcar os próximos tempos.
Por sua vez, Marcelo devolveu o desafio. Em Coimbra, à margem das comemorações do 40.º aniversário da Associação Nacional de Municípios Portugueses, o chefe de Estado foi confrontado com o pedido de audiência do social-democrata Carlos Moedas. E defendeu que é urgente definir o papel do Estado e das autarquias nas várias dimensões do problema das pessoas em situação de sem-abrigo, neste período de transição de Governo.
Já no Porto agravam-se as consequências dos despejos, tema que dominou a reunião do Executivo camarário desta segunda-feira. A vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, propôs a criação de uma bolsa de habitação municipal para "os casos graves de despejo" na cidade no sentido de oferecer uma "resposta rápida".
Porém, para o presidente da Câmara do Porto, dar prioridade a casos de despejo na lista de espera para uma habitação social pode provocar um desequilíbrio na resposta às necessidades das famílias. "Temos cerca de mil famílias à espera de casa (...) Ninguém vem inscrever-se se tiver o seu problema de habitação resolvido. Se nós, subitamente, começássemos a dar prioridade, dentro dessa lista, a pessoas que são despejadas, qualquer uma dessas pessoas que estava em milésimo lugar quereria ser despejada. Entraria em incumprimento de renda para saltar à frente", avisou Rui Moreira.
O dia ficou ainda marcado pelas reações ao acidente que vitimou o presidente e o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão. E Marcelo Rebelo de Sousa expressou "o pesar pelo luto do povo iraniano" e dos familiares das vítimas. As cerimónias fúnebres terão início esta terça-feira em Tabriz, no noroeste do país. As equipas de socorro iranianas recuperaram esta segunda-feira os restos mortais de Ebrahim Raisi e dos outros oito passageiros que seguiam no helicóptero que se despenhou.
Também o presidente russo, Vladimir Putin, conversou por telefone com o presidente interino do Irão, Mohammad Mokhber, para apresentar as suas condolências.
O noticiário internacional foi igualmente dominado pelos apelos à detenção de Benjamin Netanyahu. O Tribunal Penal Internacional apelou à emissão de mandados de captura para o primeiro-ministro de Israel e para os líderes do Hamas, sob acusações de crimes de guerra e contra a humanidade. Netanyahu é suspeito de causar a fome de civis como método de guerra e de causar morte e sofrimento intencionalmente.