Colin Stussi, o inesperado vencedor de uma Volta emocionante
E o grande vencedor da 84.ª Volta a Portugal é Colin Stussi, corredor suíço da Team Voralberg, a equipa austríaca que, contra todas as previsões iniciais, acabou com um domínio das formações portuguesas que durava desde 2007.
Corpo do artigo
Não houve surpresa na última etapa da Volta, no contrarrelógio realizado em Viana do Castelo, com final no alto de Santa Luzia, que voltou a atrair milhares de adeptos até às bermas das estradas. Stussi esteve à altura do último desafio, segurou a camisola amarela e, aos 30 anos, conquistou a maior vitória da carreira. Honra ao vencedor e aos vencidos, que proporcionaram uma grande jornada de ciclismo ao longo dos últimos 12 dias.
Quando se iniciou a aventura que é a Volta a Portugal, que nesta edição voltou a visitar o Algarve e juntou bonficiações nas metas volantes às dos finais de etapa, ninguém apontava Colin Stussi como um dos favoritos. Longe disso. Da única vez que tinha corrido antes a Volta, em 2018, acabou por abandonar na mítica etapa da Senhora da Graça, apesar de ter fama de trepador. Fama que cinco anos volvidos comprovou, pois foi quando chegou a montanha que se intrometeu entre os candidados anunciados antes da partida, em Viseu. Mostrou-se na subida à Torre (5.ª etapa), na chegada à Guarda (6.ª) e, à terceira, foi de vez, juntando à vitória na sétima etapa, no alto do Larouco (Montalegre), a conquistada da camisola amarela. Que não voltou a largar até à consagração em Viana do Castelo.
Até Stussi chegar à liderança, assistiu-se a uma dança da camisola amarela, que passou pelos corpos de Rafael Reis (Glassdrive/Q8/Anicolor), Leangel Linarez e João Matias (Tavfer/Ovos Matinados/Mortágua), Delio Fernández (AP Hotels & Resorts/Tavira/SC Farense) e Artem Nych (Glassdrive), numa rotatividade que aumentou a emoção, pois não havia ninguém a destacar-se entre aquele que eram apontados como favoritos. Sendo que o vencedor de 2022 e candidato maior a renovar o título, o uruguaio Mauricio Moreira (Glassdrive), viu esfumar-se esse sonho na mítica subida à Torre, na Serra da Estrela, a meio da corrida. Precisamente na etapa em que Stussi começou a baralhar as contas das equipas portuguesas, sobretudo as da Glassdrive, que passou a apostar em Artem Nych e Frederico Figueiredo, com a ABTV Betão-Feirense na expetativa, dada a boa prestação de António Carvalho.
Mas a verdade é que Colin Stussi, com o apoio da equipa, comportou-se como um autêntico relógio suíço, mostrando uma fiabilidade a toda a prova, justificando plenamente a consagração em Viana do Castelo.
Acabou em beleza a Volta a Portugal 2023. Sem casos, com emoção de fio a pavio e sem acidentes a lamentar. Para o ano há mais Volta, mas a época de ciclismo em Portugal ainda não acabou. Segue-se o Grande Prémio do Jornal de Notícias, que vai para a estrada já no início de setembro.