A aposta do Governo para resolver um dos problemas que mais afeta a sociedade portuguesa, a habitação, ou melhor, a sua falta, foi travada esta segunda-feira pelo Presidente da República.
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Depois de já a ter intitulado de “lei cartaz” - com boas intenções, mas que nunca seria para cumprir - Marcelo Rebelo de Sousa justificou o veto por a lei, além de ter radicalizado posições, deixando a maioria absoluta do PS quase isolada, não ser “suficientemente credível quando à sua execução a curto prazo”.
“Em termos simples, não é fácil de ver de onde virá a prometida oferta de casa para habitação com eficácia e rapidez”, sintetizou o Presidente. A oposição, a começar pelo PSD, aplaudiu o gesto do presidente, mas rapidamente o PS veio anunciar que irá reconfirmar a lei chumbada, forçando a sua promulgação. Marcelo já reagiu dizendo que, se isso acontecer, "a vida continua".
Também esta segunda-feira, entre o fim das férias e a viagem de Estado à Polónia, o Presidente anunciou a aprovação do diploma sobre a carreira dos professores que tinha chumbado no final do mês passado. O Governo acedeu ao reparo presidencial e efetuou uma ligeira, muito ligeira alteração no preâmbulo, que abriu uma pequena, muito pequena abertura para uma eventual renegociação da contagem do tempo de serviço. Para já, ficam as boas intenções.
Marcelo, ainda Marcelo, sempre Marcelo, aterrou esta segunda-feira em Varsóvia, mas seguramente já com a intenção e o propósito final de dar um salto até à vizinha Kiev e encontrar-se com Volodymyr Zelensky. O presidente ucraniano esteve este fim-de-semana nos Países Baixos e na Dinamarca para agradecer os F-16 que receberá para rebater a invasão russa. Melhor que ter boas intenções, é mesmo ter umas dezenas de mísseis ar-terra.
Até pode ter sido com boas intenções, mas o comportamento do presidente da Federação Espanhola de Futebol após a vitória da seleção feminina no Mundial está a causar indignação. Na entrega das medalhas, Luis Rubiales agarrou a jogadora Janni Hermoso e beijou-a ostensivamente na boca. Depois de primeiro considerar as críticas como "idiotices", Rubiales veio agora corrigir o remate e já pediu desculpas por ter interpretado mal a situação. Assegura que mantém "uma relação fantástica" com as jogadoras e que o gesto foi feito "sem nenhuma má intenção, sem má fé". Até pode ter sido, mas, depois de surgir novo gesto polémico na final, agarrando de modo provocatório nos genitais com a rainha Letizia ao seu lado, fica difícil de acreditar. Talvez por isso se diga que de boas intenções está o Inferno cheio.